Monday 19 December 2016

Verdadeiro Mare Nostrum - Chegada, Salgar e Es Castell

Pouco conheço dele, umas pinceladas azuis pelos passeios no sul de Espanha, umas olhadelas azuis em Barcelona: uns azuis imaginados mais que vividos.
Do Mar Mediterrâneo tenho acompanhado os recentes horrores. Confesso que os lembrei neste passeio relâmpago. Teria sido há décadas imaginado como um sonho mas nunca conseguido: Ibiza, Malta, Chipre, Sardenha, as ilhas gregas. Hoje dificilmente o dissocio das imagens terríveis dos mortos, dos que fogem aos conflitos do Médio Oriente e por ali ficam.
Mas a vida sobrepõe-se(me), tinha eu no pensamento recuado a harmonia das lembranças da Antiguidade, as guerras mas sobretudo, e também, as vigorosas civilizações, entre a Europa e a África. Trazia há muito comigo e sempre, um sopro de Itália, de Grécia, de ilhas, de travessias, nas memórias afectivas, um misto de derrotas e vitórias e um mar "caseiro" que tantas diferenças (re)liga.
Li sobre as correntes sobrepostas que mostram o cordão umbilical deste mar interior ao poderoso Atlântico, no estreito de Gibraltar. Hei-de retomar "este cordão" que é olhar para lá dele, o fascínio de África, tão perto.
Desta vez, um convite inesperado e irrecusável, de família, transportou-nos atravessando a terra-parte da Península Ibérica até Barcelona, e daí para sul-mar.



À vista de Barcelona, pensamento que vôa. Que décadas, que ruas?

Um lugar decente, um pátio "mui largo" para fumadores.

E voltando ao ar, ao olhar.

Começando a ver a ilha, Menorca.

Adivinhando as rochas caindo abruptas, estendendo-se como muralhas no mar.
E é verdade: tirando o desconforto dos tempos de espera nos e entre os aeroportos, voar é mesmo o que gosto!
A voar desde manhã cedo... chega-se ao alojamento ainda a tempo do dia se desdobrar.

O aldeamento fez-me lembrar Tenerife, os grupos familiares e rubicundos do Norte da Europa, as crianças de tez clara, as bebidas a toda a hora, um certo ruído de muita gente junta e (demasiado) barulhenta. Ainda nem sabia das noites "de animação" mas calculei que assim fosse.

Cala, que é como quem diz, uma pequena baía encravada na rocha, de seu nome Rafalet, ali ao lado.



A noite e o jantar no Porto Es Castell,
onde vi as elegantes Avarcas, as sandálias que usavam os agricultores e que a moda aproveitou. Lembrei-me de ter lido que antigamente a sola era feita de borracha de pneus, cortada à mão. Algures nas terras de Penha Garcia, uma velhinha me contou que eram tão pobres que usavam "albarcos". Presumo ter a mesma origem, tal como as "chancas" ou os "socos" que ainda vi usar no meu tempo de menina: precisamente: os pobres.

Mas é claro que eu sempre gostei de sandálias com atilhos nas pernas... como gregos e romanos???
E o mundo é uma roda!

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