Sunday 28 August 2016

Aurélia, mulher artista

Além do nome de uma Escola Secundária, de um ou outro quadro visto no Museu Soares dos Reis ou outros, desconhecia quase tudo desta Senhora. Digo "senhora" pela biografia que agora li: posição, arte, independência.
Tão esquecidos que somos dos nossos famosos: Aurélia de Souza (1866-1922)!
A exposição com muitas das suas obras (também de sua irmã Sofia) e de outras mulheres-artistas desse período, chama-se "Aurélia de Souza 150 anos". Está exposta na Casa Museu Marta Ortigão de Sampaio (aqui ao pé... até me apeteceu bater a mim mesma...) e na Quinta de Santiago, em Matosinhos.
Foi, portanto, um reconhecimento em vários sentidos, feito nestes dias.


Quinta de Santiago, escondida e abafada entre ruelas antigas e construções modernas, é mesmo assim um pequeno lugar poético e agradavelmente sossegado. Suponho que a ampliação do Porto de Leixões, a "magnificência vazia" da Exponor, a construção de prédios imensos em terrenos altamente rentáveis (???), afogou o sítio idealmente altaneiro.
Logo ali ao pé, a Quinta da Conceição onde tanto passeámos há mais de 30 anos (ou 60, se contar a época em que montávamos a tenda, um grupo de campistas "encartados") está desfigurada...
Um choque, cultural e sentimental.




Thursday 25 August 2016

O sal da Terra

Há muito tempo, muito ... "era uma vez" uma Revolução de Abril.
E contra a liberdade, abrangência possível e ideais, ou se sim ou se não, houve um movimento contra-revolucionário que não me apetece discernir/explanar aqui.
Mas falava-se nas "mocas de Rio Maior", barricadas com elas, e no que fariam aos vermelhos "en passant", sendo que vermelhos constituía um grande grande grupo que abrangia desde a extrema esquerda, os comunistas of course my horse, até muitos socialistas.
Havia, antes de haver auto estrada, a recta de Rio Maior, uma estrada a direito entre belos pinhais onde os acidentes eram sempre terríveis, ou não fossem os portugueses "gajos de assapar" no acelerador sempre que lhes fosse oportuno.
Uma das anedotas/ditos que corriam nos anos 60 era uma em que o construtor dos Lamborghinis tinha perguntado "o que era isso do Porto": sendo que, em determinada época, tinha sido a localidade que mais automóveis de luxo tinha importado de Itália, cinco, se não me engano.
Em 1968 passávamos lá e tivemos um furo no pneu do Mini alugado, debaixo duma chuva impiedosa: valeu-nos ter dado boleia a um "magala" que nos ajudou.
E Rio Maior ficou ignorada, para mim, a não ser depois de bem crescidinha e de me picar a curiosidade. A salvo, a pele inicial.

Portanto, era tempo de decidir lá passar, dando ouvidos a dizeres de outrem. Nestes entretens de ir, era hora de almoço e provámos um abundante e belo cozido das carnes afamadas da região. Sem apanhar "mocada" que o preço era acessível. E não vi mocas nenhumas "en passant". Nem a contra revolução é já o que era... cruzes, isto é mais bancos e produtos afins dos capitais.

E fazendo a digestão, lá se encontraram as salinas! Um estendal branco, na terra e na serra.

Há documentos que referem as salinas desde 1177 mas calcula-se que já na Pré-História se aproveitaria o sal-gema. Trata-se de uma das várias correntes subterrâneas de água que, passando na Serra dos Candeeiros cuja formação é de natureza essencialmente calcária e porosa, encontra uma jazida de sal-gema, eventualmente formada há milhões de anos depois do mar, que ocuparia toda a região, ter recuado.
É muito bela, a pedra, a areia branca, o brilho, as formas dos cristais.

As casas onde os salineiros guardavam o sal foram conservadas, embora agora só sirvam de adorno, dado que ele é encaminhado para uma cooperativa e distribuidora/exportadora.







Deste poço se retira a água que é distribuída pelos vários tanques para sofrer a evaporação ao sol. Dizem que é 7 vezes mais salgada do que a do mar, pela elevada concentração de sal. Provei: é incrível!

Uma pegada no sal. A chamada Flor de Sal é uma película finíssima de cristais que se formam à superfície da água retida nos tanques, em dias de muito calor e sem vento. É recolhido preciosamente porque é muito apreciado na "nouvelle cuisine gourmet". Dizem que, biologicamente puro como é, realça o sabor dos alimentos.
As fechaduras das pequenas casas de madeira possuem um sistema de abertura único, com chaves também de madeira. Não há duas chaves iguais neste engenhoso sistema.



Os suportes laterais das "casinhas" são troncos de oliveira.
Um sal puro e biológico, a 30km do mar! Com o encanto das coisas naturais que rodeiam este lugar, diria eu, "bastante mágico".

Monday 22 August 2016

Escaroupim II

Descobrindo sabores de rio com ele ao pé...






Enguias e carapauzinhos


do trabalho e gozo, o que se possui melhorando









Do outro lado, a aldeia que se inunda nos invernos, ficando os habitantes isolados pelas cheias: Valada do Ribatejo.


E que pena não ter uma "grande máquina de zoom" ou lentes! São tão elegantes estes movimentos das muitas aves, mesmo em frente ao cais! Garças várias, íbis-pretas, colhereiros, cegonhas, andorinhas...
e um gato-pensante nelas?





Um lugar maravilhoso.