Monday 31 July 2017

Tenerife 2004 - La Gomera

Destinos turísticos de massas têm a vantagem de se tornarem acessíveis pela oferta imensa e a competição entre agências. Era assim nesses primeiros anos de 2000. Há sempre coisas que se descobrem! E portanto, logo a seguir, se repetiu a experiência: vôo directo e rápido, meia-pensão, facilidade de locomoção, saber exactamente como e onde fazer. Neste momento, quando verifico destinos idênticos, tudo isto é o dobro ou mesmo o triplo do que na ocasião se gastou.
(a vontade - outras coisas avulso idem - também "se gastou...")
Voltando pois ao lugar-feliz de Tenerife-Sul.




A areia vulcânica, negra e fina, a água transparente, o vulcão, o mesmo...

Dia decidido para navegar uns 40 minutos de barco, ligação para La Gomera

O porto de Los Cristianos - e a Companhia Fred Olsen (com uma história de cruzeiros desde o século passado!) que ali está também, a transportar, a galopar as ondas.
Dei por mim a apanhar ar e salpicos de água, na popa do barco, tentando "pensar que valia a pena ir de vento em popa" e esquecer a ondulação




E, num tempo que a mim, de enjoada, não me pareceu breve, aparece S. Sebastian de La Gomera e os azuis incríveis que as máquinas de serviço captaram


Com a viagem programada de autocarro não dá para parar onde se quer, claro!, mas sabia que ia à volta, à volta, quase até ao norte da ilha (que é redonda, por sinal), íngremes passagens entre desfiladeiros.


pelo Pico Arando, do Parque Natural de Garajonay


E deixo para depois as brumas por onde nasce a belíssima floresta laurisilva, inesperada naquele grande rochedo, de montes formados e perdidos no mar: pelas vertentes onde se esgueira um vento que amacia os gumes. Vem do norte, fresco, encontra o calor da terra quente que abraça e o demove da bravura, e condensa-se em suavidade húmida.
Iria jurar que o vi, difuso, a divagar entre encostas, já na vinda para o barco de volta. Mas, se o vi ou o sonhei, não o fotografei!


Sunday 30 July 2017

Tenerife 2002 - Teide

Andando para trás no tempo: Ilhas Canárias - Tenerife.
Esses anos a seguir a 2000, foram como se voltasse à superfície, sofregamente apanhando o ar que me faltou num ápice: doente para sempre e privada de "emprego".
As horas presas de repente soltas. Parecia não haver passado nem futuro, apenas o presente, agarrá-lo com força e, de algum modo, exorcizando os fantasmas dos "nadas" pesados e assustadores que me cercavam.
Também não havia máquina digital, muitas fotos ficarão no papel até se (irão) sumirem nos arquivos do tempo.
Essa felicidade (ao olhá-la, agora, lembrei-me) tem um nome: ousar e poder fazer!
Um acaso, um anúncio de uma empresa turística espanhola, juntando as promoções, como o acompanhante mais velho que... e tentando encontrar espaços diferentes.
"Business today consists in persuading crowds": quinze anos passaram. A publicidade de agora é agressiva mas eu soube sempre, e para sempre, do que gostava, mar-ilhas, paisagens, caminhos menos percorridos, do cinema, arte, literatura. Muitos lugares que já no Atlas dos anos 50 me corriam como águas desejadas.
Juntando, pois, o útil que era mais barato, ao agradável: o ser uma ilha.

Por sugestão de alguém que já lá tinha ido: Hotel médio dos anos 70, com espaço, vista ampla, atravessar a rua para a praia: o anoitecer  e o amanhecer.


Aqui não se vê bem nem eu gosto de fotografar pessoas desprevenidas: o vulcão vigia a praia e a areia não tem esta cor, é mais negra que ocre (mas irei voltar...).
E um desejo de conhecer a ilha, um pouco, chegar mais perto do Teide, com mais de 3700 metros acima do mar. Um carro alugado um dia.



...ainda de longe




Imenso caminho!

Vislumbre de outras ilhas nas voltas da estrada, será La Palma (onde a curiosidade me levará... depois!)

A paisagem até lá é avassaladora: Património da Humanidade e Parque Natural de todo o seu entorno, as Cañadas del Teide são as formações de lava de muito antigas erupções, com uma fauna e flora específicas
Ali está ele! O Teide com o Pico Viejo mais baixo
Encontrar inúmeras referências sobre o povo guanche, de ascendência berbere do Norte de África, que habitava as ilhas Canárias aquando da conquista espanhola. Mas há muito que ler...




Igreja ou Basílica da Candelária, da Virgem Negra - e uma lenda que envolve naufrágios e aparições


Pirâmides de Guimar, onde não se foi porque as horas não esticam. Tinha lido algo controverso sobre a origem e idade destas construções, eventuais orientações solares: pareceu-me mais uma propagação turística que real.
Na descida para Santa Cruz de Tenerife e Praça de Espanha, onde pouco se esteve,
mais a Igreja Nª Srª da Conceição, séc. XV

Já ao fim do dia, de voltas e voltas, de regresso ao hotel e todavia com algumas horas ainda com carro, conseguiu-se rumar a outro lado (por caminhos desconhecidos ??? no meio de enormes plantações de bananeiras)

chegar a um lugar a que chamavam - não sei se agora o é, será resort instead! - a Tenerife Secreta ou Isla Baja, no litoral nordeste: são formações rochosas magníficas, caem duma altura de 600 m para o mar e submergem-se nele 30 m: Los Gigantes. Ali andámos, ao pé dos rochedos que fecham o horizonte, como entrando num mundo diferente, aldeamentos e marinas de luxo, um aglomerado onde me pareceu estar numa vila em Inglaterra. Lojas, dísticos e ambiente ingleses, lembro-me da Burburry que só conhecia de Londres e de pubs autênticos, com exterior very british. As pessoas, de um luxo caro mas "blasé", como os ricos parecem ricos com a camisola Lacoste coçada...
Hoje, todas as marcas estão em todo o lado, a contrafação também!



É um sítio virado a ocidente, diz o sol, escondendo-se atrás de La Gomera

O Hotel Hesperia Troya que já não se chama assim!
E o mar de remanso vindo como se tivesse pés de ave

Até que o sonho se esfuma "como a brancura da espuma, que se desmancha na areia"...