Wednesday 28 February 2018

Lugar: Camélias I

Segue-se por ali adiante, passa-se um rio Este-aquele afluente do Ave que não se conhecia!!!, entre muros velhos e casas novas, chega-se a um lugar onde acaba o caminho: na quinta e depois campos e campos. Como no fim do mundo. A afabilidade das pessoas e as camélias, dão àquele sítio uma força mágica, uma energia solar e de calma amorosa, qualquer coisa antiga que se sente.






Até uma estátua e um lago...




Os viveiros de camélias raras







Assim... quase que adivinho o lado do mar!


Tuesday 27 February 2018

Os anos: Camélias

Tudo na vida tem uma história cujas raízes mergulham no tempo.
Pelo menos comigo, nas pessoas, no lugares e espaços antigos em que me foi dado viver.
Reparei que há muitos anos vejo "camélias à solta", elas fazem parte da minha vida de Inverno. Algures, deverei ter escrito que as conheço há mais de 60 anos, seguramente. Porque me lembro delas (e nem lhes sabia o nome) em muito pequena, com 4 ou 5 anos. Ficava fechada no quarto dos meus pais, com uma janela de guilhotina, onde sempre me diziam para não me debruçar. Da janela, falava para baixo com as vizinhas: "que horas são?". Quando me respondiam que eram 5h (da tarde), geralmente era a Custodinha que tinha o relógio de pêndulo na sala, eu ficava em ânsias... Era a hora de saída da minha mãe, do seu trabalho no Hospital, na "alfaiaria", como lhe chamavam: teria depois algum tempo para ir brincar para o pátio, com as crianças que por lá andavam.
Pelas horas da tarde adiante, tinha de me entreter - nem sempre bem, invenções e asneiras, como lhe chamavam, era comigo! Desde ver como é que uma caneta de tinta permanente era por dentro, desde a espalhar sem querer mercúrio-cromo e aparecer às vizinhas como se estivesse ferida, até me pendurar para ver os livros na prateleira alta, virar a mesinha de cabeceira que estava encostada ao contrário contra a parede (para eu não lhe mexer), até andar com os botões do rádio e ouvir "galegaje", como lhe chamava a minha avó (uma vez estraguei-lhe o ponteiro e o meu pai ficou danado), enfim...
Fora as invenções das figuras e monstros na cal das paredes ou a objectividade com que via os animais e formas do mundo no Planisfério: o Canadá sempre me pareceu uma cabeça de coelho!
O certo é que atrás dos telhados em frente se via parte de uma quinta - hoje é um condomínio - que ia desde o Carregal até Miguel Bombarda, muros velhos de heras, árvores altas, até uma palmeira onde se escondia o Lobo Mau. Mas muito especiais eram as japoneiras com camélias, tantas, entrelaçadas, de cores diferentes: essas tenho-as nítidas na memória.
Afinal, a última vez que fui a Vilar de Matos, foi há 11 anos... Março de 2007. Perseguindo uma qualquer informação sobre quintas com camélias. Lembro-me do Snr. Paulino andar por lá e me dizer "só quero morrer no meio delas"...
Desta vez, quando falei com o filho, ele confirmou que morreu assim, quase de repente e sem sofrimento prolongado, perto "das suas meninas".
Mais palavras não tenho, tenho fotografias antigas dele e do lugar.
Que estimo se mantenha, na mesma simplicidade. Onde desejo voltar.
Como se visitasse a infância duma criança, com olhos-brinquedos de solidão.
São estas fotografias algumas das antigas e as mãos do seu tratador:












Tuesday 20 February 2018

Holanda - Amsterdam XXXIII - De partida

Aproveitando o caminho de Volendam para o Aeroporto de Schiphol, deduzindo lugares, neste caso diferentes pois contornámos Amsterdam pelo norte,


a pensar na tal família dos patos, tão serena a passar como se flutuasse



E porque me dá a ideia, sempre, que NÓS fazemos "janelitas" e não aproveitamos o sol que temos, enquanto que "no estrangeiro" o que eu noto é haver vidraças largas, varandas, pátios, aberturas, mesmo com pior clima.
Penso, de mim para mim, que o tempo do Estado Novo (diabo, que nem me apetece a letra maiúscula!) nos moldou muito mais profundamente do que se quer admitir, na mesquinhez, no tacanho, no poupado, no segredo, no manhoso - quantos mais adjectivos pejorativos encontraria!


Começava o pasto dos milhões de vacas!



A chegada ao aeroporto teve algo de caricato: avisou-nos o guia que tivéssemos cuidado com "os queijos" e os levássemos nas malas e não na mão, pois poderíamos ter problemas na passagem pela alfândega (holandesa). Ora como se tinham comprado os queijos nessa manhã, já com as malas dentro do autocarro, o grupo português merecia um filme: a um canto da entrada e antes do check-in, toca a abrir malas e enfiar os queijos pelas roupas e diversos!!! Tirei fotografias, é claro, e não tinha tanta mercadoria como isso mas fiz como todos. E achei de um preciosismo bacôco que a alfândega holandesa se preocupasse com meia dúzia de queijos que os passeantes levariam...
Nada melhor que uma fila de carrinhos de transporte para ilustrar o "carneirismo".
Andando pelas imensas passadeiras rolantes e passagens - e porque me parece que as companhias aéreas quanto mais insignificantes são, mais longe ficam -, ainda tive um vislumbre mágico e colorido

E no ar estamos, com a sombra do nosso avião em direcção ao poente.
Com esta mania minha de VER, do ar, no único sítio onde nunca enjoei!



Fico fascinada com os lugares, os reflexos, engolindo nuvens e paisagens imensas,
os aviõezinhos de brincar...



ah...os rios, os rios a brilhar, tinha a certeza de estar a passar sobre França, Le Havre, onde desagua o Sena?


Esta imagem de "ilha" com perfil de velha à janela, das vezes que voamos para cá, vindos do norte sempre a noto,
(ora insisti em saber agora e segui a rota dos aviões, aqui na net: é a ilha Noirmoutier-en-Île!)
e o Douro, o Douro-rio
já havia incêndios em Maio...

As nossas pontes, perto e mais perto

3 dias... tão cheios que só agora percebo a dimensão deles!