Tuesday 31 July 2018

Cacela Velha I

Voltando às flores que muitas serão dos muros de Cacela Velha, vendo mais do que os cambiantes de todas as cores


O dançar das heras que enfeitam paredes velhas
Possivelmente
da cor das romãs abertas como um riso

da cor das tardes de Outubro




Rosada cor como o vinho translúcido
o aroma das madressilvas que vão mudando para o amarelo pálido conforme passam dos dias


 dos horizontes lavados da luz que se esconde



No divertimento de andar ou calcorrear de novo e encontrar arranjos que nunca são iguais.


Sunday 29 July 2018

Cacela (a Nova) e a Velha

Para voltar ao nome, terei de remexer/re-me-ver na memória, uns 30 e muitos anos atrás. Ficámos numa casa em Ferragudo, era aldeia piscatória e pouco mais, fomos com um casal e filhos. Tomavam, as crianças, banho de mangueira no belo pátio da casa. Lugar donde se viam as traineiras e o trilho do voar alvoroçado das gaivotas. Mas se eu enveredar por "essas ruas", não saio mais, as recordações são imensas.
Quero é recordar que num fim de tarde, a nossa amiga se lembrou do primo que era médico em Cacela (nova ou velha, sei lá!). E numa aventura, fomos todos a... Cacela, onde chegámos já de noite. O que lembro? Apenas muito muito calor/muitos muitos cactos nas beiras da estrada/muitos gafanhotos, lagartixas fugidias, bichos que me pareciam enormes, atarantados com os faróis dos carros, e paredes brancas que se sucediam como fantasmas a correr, na escuridão que seria a EN 125 nessa altura.
Muito mais tarde, havia sempre aquele sinal "Sapal de Castro Marim" que apelava a que se parasse. Tanto de Cacela Velha como Castro Marim e passeios pelo sapal, não me chegaria um livro grosso, de muitas páginas, para todas as descrições, paisagens e fotografias. Um lugar especial no meu coração.
E vi por aqui e ali, na imprensa, uma "desflorestação" do lugar que tão bem conheço, que me encheu de pânico. Não há NADA que substitua o que demorou anos a crescer! NADA.
Recolhi assim, receando os meus pensamentos negros, alguns momentos, os poemas e as flores de férias desde há uns anos.



Descobertas nos caminhos, nas ruas vazias



e nos poetas que falam da "ausência"





É pelos campos e pelos muros desse lugar mágico que me dói. A desolação do olhar que já imagino.
Sempre, nesses tempos fora, tenho flores selvagens na casa e é poder fazer isso, andar a pé pelos campos e veredas, que me diz "férias"...
Esses sentimentos.


Monday 23 July 2018

Escher - ILUSÕES II

Das metamorfoses e ilustrações sistemáticas que se vão modificando, um painel como a vida. Um prodígio quando me apercebo que Escher escava no tempo, na "terra" imaginativa, cerebral, e a apresenta plana e horizontal, como se dum esquema se tratasse. Penso que, no meu subconsciente, está o gosto pelas camadas sucessivas das civilizações, pela arqueologia, pela transformação que o tempo sempre traz.






"Another world II" e é assim, como se espreitássemos as estrelas!

Chama-lhe "Relativity", a este



Brinca-se e entra-se na galeria

aproximando-nos...
desejamos que os anos sejam leves
Esta, uma revista de 1951

Muitos artistas, publicitários e outros, aproveitaram as visões de Escher criando as suas próprias figuras: enigmático "Beijo"





A minha mente, em sobrepostas esferas e curvas, e os planos que encontrei, afastando uma cortina e espreitando apenas a realidade!


Mas estas imagens truncadas, foram as que mais me impressionaram, pelo que dizem das fracções de que todos somos feitos,


como um jogo de espelhos, infinito, até sermos apenas uma sugestão de ave-asa
Despeço-me de Escher cheia de ângulos e planos, como se viesse de outra galáxia...