Wednesday 19 December 2018

Gerês (antigo) 2011-2


O Museu. Uma homenagem que me comoveu, sobretudo por reproduzir lugares, nomeadamente Vilarinho das Furnas, pela autenticidade dos instrumentos de trabalho, das fotografias, da humildade pobre, do que li sobre a vida em comunidade.

Cá fora




Lá dentro, a memória da terra, do lugar onde andamos
da formação das pedras


Como costumo pensar, ou dizer, ou escrever: vivemos em cima do pó dos outros. Camadas sobre camadas, passadas. Passados.
Os nossos ossos, os nossos desejos.


Lá dentro, as lembranças de como se vivia, o que se fazia, os utensílios do dia a dia, numa reconstituição primorosa. Muitos foram recuperados ou doados pelas pessoas que por ali viveram.






Debruço-me sobre o enxoval, na arca, para os dias de festa seria


O berço, um berço, sem Natal que o lembre...

Estas peças seriam para os dias comuns, pelo uso que parecem ter

Um acaso, ter conhecido, ter estado, há 50 anos numa cozinha como esta, numa aldeia escondida do Douro profundo. Ali se comeu, em pratos de barro, num banco tão idêntico a este. E a refeição feita nos potes antigos, reparando na talha do azeite ou na salgadeira, onde se conservava a carne de porco e os enchidos para o conduto. Para as couves, ia-se à horta. Simples, como as pessoas.



Os tecidos de casa em casa se faziam




De Miguel Torga, as palavras:
O antigo cemitério de Vilarinho das Furnas, submergido depois pela água da barragem do Rio Homem. Essa história de 57 famílias e seus antepassados, das indemnizações miseráveis, foi documentada, mais tarde conhecida, em filmes, em livros. Há muitas imagens, do abandono, do despojamento.
Dos tempos impunes e silenciados à força.

Lavar nas pedras, como gostam as crianças de mexer na água!




Descalços...

A ternura e a nobreza dos meios sorrisos
Aqui fiquei, parada a olhá-los, na sua alegria para a fotografia e pobreza dura das suas tarefas, na terra

na serra

Deixo esta amostra de vidas com um olhar magoado.
1948, dizia por lá.
Pelo ano me reconheço, o cinzento, a falta.

Tuesday 18 December 2018

Gerês (antigo) 2011-1

Chegar ao alojamento previamente reservado e ser "melhor" do que se esperava de uma albergaria. A propósito, ainda se chama "Albergaria", o que é de espantar com a proliferação de nomes sonantes, estrelas e spas por este Portugal adiante!
O quarto tinha varanda, para os campos, para os montes: um belo lugar para parar e andar e, em apenas alguns dias, se partir à descoberta dos arredores.





Uma autêntica Rua da Geira, por ali passaria a estrada romana, ou recordação dela, talvez

Se eu tivesse um quintal, queria-o com uma pedra, um penedo...

 
Estávamos em pleno mês de Agosto, a aldeia quase deserta embora com muitas habitações reconstruídas e bem. Há que anos eu me pergunto porque tenho visto e observado muitas coisas: para que é que algumas, ou muitas, pessoas querem tantas casas vazias?


Senhores Gatos!








Tenho esta fantasia de olhar ruínas e tentar perceber os ecos das vivências desaparecidas

Data gravada na pedra na ombreira: 1720...

Lugar onde o poente se despede.