Volta: o pessoal tinha bailado à noite, pareciam condenados a divertir-se, a gozar, à hora. O despertar foi às 5.15h da manhã... com o pequeno almoço dos estremunhados. De novo pelas curvas, até ao aeroporto. Manhã cedo e mar de nuvens,
e duas horas depois, as faces da minha terra
Já por cá, nas minhas andanças, encontrei uma referência ao padre (Dr.) Gaspar Frutuoso. Escreveu 6 livros de crónicas, nos finais do séc. XVI. Originais sujeitos a vários acontecimentos, ora desaparecidos, ora nas mãos de particulares. Conservam-se agora na Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada, tendo sido estudados e posteriormente editados. Um manuscrito de 6 volumes, com a descrição e apontamentos sobre fauna, flora, gentes e hábitos, de todas as ilhas da Macaronésia: Açores, Madeira, Canárias e mesmo Cabo Verde...
Chama-se "Saudades da Terra". E retirado do google, aqui transcrevo uma parte de um dos livros sobre S. Miguel, que achei particularmente bonita e esclarecedora.
***
"DE UNS QUEIXUMES QUE FAZ A VERDADE, ESTANDO SOLITÁRIA EM UMA SERRA DA ILHA DE S. MIGUEL
Engeitada nasci no Mundo, triste, sem ventura, e logo de pequena comecei ser desestimada por esta tacha.
...
Não entendo a linguagem das gentes, nem me entendem.
Ouço tantos vasconços disfraçados, vejo disfraces novos vasconçados;
sendo eu tão clara, fico obscura e triste.
Nos
desertos trajos brancos e a boca aberta trago, mas, se a povoado vou,
doutra cor me visto; cadeado mourisco que por dentro fecha os beiços
nela levo, com silêncio dissimulando falas e obras mentirosas, que, se
as reprendesse muito mais do que agora sou perseguida fora."***
E eu dizendo e pensando:
Donde, nada de novo à face da terra, pois há já mais de 500 anos que a Verdade se queixava de maus tratos!