Sunday 31 March 2019

As casas e os sítios I

Pelos primeiros dias se andou, à volta por caminhos encantados.
Espreitando o Cabo Raso
Os velhos moinhos recuperados e alguns, possivelmente transformados em habitações (sim, até os vejo agora nos b e enes b). Que delícia viver numa casa redonda e com vistas...
A Ribeira de Colares que vem lá do fundo da Serra de Sintra e tem um curso de água variável, ora cheia ora vazia. Atravessa terras de cultivo muito férteis, ondulando pela Várzea de Sintra até terminar, humilde, na Praia das Maçãs.



São sempre belas as vistas nos meandros da Serra!

Praia da Adraga
com os seus segredos de penedos


E subindo, ao longe o Palácio da Pena e as quintas pelo caminho, impressionantes de espaço e arquitectura


Esta placa fez-me lembrar "os paizinhos". A nós, nunca legaram nada de parecido! ou, eternamente e ternamente, teriam "este nome"

Paragem para vislumbre dos minaretes do Palácio de Monserrate


A entrada da Quinta

Reconheci o Vale dos Fetos
Uma ruína "elaborada" de uma capela, onde se entrelaça a árvore

O Palácio de Monserrate tem uma bela história, passando de mão em mão, ora vendido, ora alugado, ora deixado ao abandono ou acrescentado (Gerard DeVisne 1789, William Beckford 1793. Este excêntrico e rico inglês renovou o palácio, recebia amigos e dava festas sumptuosas. Lord Byron visita Portugal em 1809 e aí esteve. Refere na sua obra "Childe Harold's Pilgrimage", obra poética e extensa das suas viagens:
"...Lo! Cintra glorious Eden intervenes
In variegated maze of mount and glen...")
A história da quinta, abandonos e acrescentos de outras quintas, é intrincada. Por fim, o milionário dos têxteis inglês Sir Francis Cook deu-lhe no séc XIX a arquitectura romântica, árabe e sei lá que mais! com o aspecto de conto de fadas que agora tem. O Parque de Sintra-Cascais é considerado Paisagem Cultural e Património Mundial da Unesco. Foi impecavelmente recuperado e é gerido por uma organização Parques de Sintra Monte de Lua desde 2000




O arco ornamental, comprado por Sir Francis Cook a um inglês, governador da Índia. Indiano mesmo.

O jardim e Chalet de Elise Hensler, Condessa de Edla, 2ª mulher do rei de Portugal D. Fernando II. Este rei só pode ter sido "original"! Um belo refúgio do artista que era, como demonstrou no cuidado que teve em mandar reabilitar monumentos existentes e a construção de outros (Palácio da Pena), apoiando e desenvolvendo as belas artes em geral, nesses meados de 1800.





Friday 29 March 2019

As casas e os sítios

Como recuperei de uma "dispensa" de trabalho, depois de 30 e tal anos de tantos sacrifícios, sem direito a "quase" nada?
Não recuperei. Nem hoje.
Durante alguns anos, procurei a Pintura, o Desenho: o que tinha perdido quando tinha 17 anos, em que MA entrou nas Belas-Artes com um empenho da madrinha. E eu não soube, na altura, como aceitar ou aproveitar mecenas desinteressados. Não que tivesse especial jeito mas poderia desenvolvê-lo em Arte ou técnicas dela.
O outro assunto, que se relaciona com este, são "as casas", os lugares. Uma procura constante, durante anos.
Há apontamentos, ora desanimadores ora alegres, de tantas tentativas que fui fazendo.
(uma vez disseram-nos, a dona do apartamento que era professora,  "os senhores são muito especiosos"... quando protestámos com a quantidade de água que vertia para o chão da casa de banho, a ferrugem dentro do frigorífico, as persianas que não abriam...).
Já não sei como, que anúncio... pela net não deveria ter sido, não havia esta epidemia de ofertas como agora. Jornal? Telefone?
A zona aos pés de Sintra, que se imaginou pela beleza e proximidade do mar, o lugar escolhido, uma parte separada da casa principal. Sossego e paisagem.
(relembro, num relance, a intensa humidade e o desconforto de cozinhar, improvisando).
Recolho o que foi bom.

O jardim de onde se via o mar
O básico, enfeitado com as flores selvagens que tanto me agrada colher em férias. Os enfeites que geralmente encontro... levam um reviralho e vão todos parar às gavetas ou escondidos! Irrita-me solenemente que, para tornar uma casa confortável, se ponham cãezinhos de louça, pratos de chinês, paninhos e mil e uma coisa para entreter olhos. O espírito espraia-se com o necessário para viver, a simplicidade, a limpeza, as "vistas".
Apenas um exemplo:
Ou se pinta, hortênsias de fim de dia
ou se transforma, com as ervas dos campos

Esta a visão do anexo-casita, junto a uma mina de água ou poço que a tornava cheia de humidade
A flor de cacto que se abriu, rosa-breve

Andando por Azenhas do Mar




No café


Cantar do alto, como eu me sentia, de melro

E espreitar as maravilhosas praias, um pouco assustadoras pela altura das arribas





Escadas sem fim à vista...


Ermida de S. Mamede de Janas, séc. XVI, provavelmente erguida sobre um templo romano. O edifício é circular, com elegantes colunas e tecto de traves de madeira no adro. Há uma romaria votiva, tradicional, em Agosto, onde levam o gado para ser abençoado, dando três voltas à capela, em sentido contrário aos ponteiros do relógio. Pelo que li depois, é um costume bem antigo, porque traziam os animais em manada de tão longe como de Cascais ou Torres Vedras.
Curiosidades e o lugar é muito belo!






E eis que "as aventuras das casas" e as minhas procuras, se prolongam por lugares que, se não fosse assim, não veria nem conheceria.