Friday 28 June 2019

Porto Janeiro 2007

Quantas vezes me lembrei de fazer um mapa do Porto, com os meus caminhos, com fios cruzados como este?
Vivi, trabalhei, andei, pela cidade, em muitas ruas, em todas as direcções. Constatei há anos que existem inúmeros cruzamentos comuns, lugares que sempre sou obrigada a percorrer, nesta minha longa vida, pontos onde, exaustivamente, passei ou calcorreei, em trabalho, em prazer, em doença. Como de costume dou relevância espantada "às coincidências", de nomes, de lugares. Basta-me pensar numa consulta ou numa rua onde passei habitualmente e, alguns anos depois, fui lá parar.
Na última ocorrência singular e inesperada, uma amiga chegada vai viver para um lugar onde não quero passar há 20 anos!
As ruas doem-me como veias inchadas por onde não circula o gosto de viver ou conhecer. E na cidade não encontro protecção para as minhas memórias: antes os vincos, os picos, as esquinas vivas da noite ou madrugada, o que era, o que sentia. Muito do que queria evitar. Não apenas  as pessoas mas os sítios.
Nesta cidadela onde me imponho, ou a que me obrigo, encontro o silêncio de pensar, de escrever, de pegar em pontas nos lugares que (agora) não (re)conheço.
Assim foi Janeiro na cidade.
A cidade de que julgo (talvez) gostar se longe estiver.
Tanto lhe conheço as clarabóias, os ferros forjados, os azulejos, as frontarias austeras, as janelas, as ruas - agora pejadas de casas de comidas, bric-à-brac, "souvenirs" e gente com malas de rodinhas.
Há tempos, há anos, encontrava ainda motivos de prazer, renovado a cada visita, passeio, rua ou pormenor. Aproveitava os amigos/família que cá vinha turistar para "ver" e dar-lhes a conhecer os recantos da cidade. Estivemos inscritos em passeios de grupo, com guia conhecedor, para saber pormenores da história do burgo e das tradições.
Nestes últimos períodos de mim, apenas desejava estar longe.
Do Marquês para Santa Catarina:






Os recantos surpreendentes, o granito trabalhado

Os pátios inesperados, com uma vaga fantasia de paz



Os pomares, com as frutas e os legumes à porta


Encontrei por acaso uma frase de um autor de quem muito gosto: Konstantínos Kaváfis, poema "A Cidade", excerto
"A cidade irá onde tu vás"

Thursday 27 June 2019

Uma praia do Norte em 2007 - VII

Ao rever tudo isto, agarro um prazer extenso que eventualmente só tive em pequenas doses! Dizem-me que foi um "desperdício".
***
Não cabem aqui as despedidas desse período formoso. E é que nem consegui despedir-me, vencida pelos deveres e afazeres.
Por períodos, as fotografias do ano seguinte, observando o despertar das diversas naturezas da praia e do lugar.







Já Maio e as flores de enfeite, a eterna dança das abelhas

Assim a recordo, serena e limpa.

Uma praia do Norte em 2006 VI

Os dias avulso.
Que em breve o desconforto e o tempo agreste.
"de um lugar que não é como o teu lugar habitual"
"as coisassoltas mas organizadas como as sabes"
Outubro, Novembro, Dezembro, com claridades e cores surpreendentes



De um dia para o outro






Um outro anoitecer, esperando que a grua das casas novas ainda a ser feitas mais à frente... deixe ver o sol, antes de o "caçar" com uma parede de cimento.





Já Inverno e o lixo que me desgosta: nunca deixei nem um plástico, nem uma ponta de cigarro, nem um papel, em toda a vida de praia que fiz!

As nuvens, a revolta!


A chamada "bonança" depois da tempestade


Os dias curtos

e ainda num espectáculo de vermelhos e laranjas e amarelos