Tuesday 18 February 2020

Lisboa aos 65 anos

Esta espécie de complexo (negativo!) de ter feito tantas coisas boas e agora não poder fazê-las...
Ainda bem que as fiz, diz-me a voz interior a tentar ser amável.
Cirandar pelos meses e anos, e nem são muitos, faz-me lembrar que uma década é muito tempo!
65 anos em Lisboa e jantar "na outra margem":
Não cansava, esta paisagem, esta nitidez dos olhos longos...



O belo e o feio
 A lembrança
As portas do rio, como Abril abriu




A incomensurável noite
"The day after" espreitando em Campo de Ourique
E o lugar dos anjos em jeito de tocar as suas melodias mudas



Friday 14 February 2020

Porto - Tardes com árvores 1 - Exposição livros

Aproveitando o passeio "com árvores", viu-se uma exposição no Palácio de Cristal, de livros e notícias de antes do 25 de Abril 1974. Não fiquei admirada, sabia-se que a Censura salazarenta se estendia a todas as publicações. Só mesmo escrevendo por metáforas, ou se os agentes da comissão de censura eram tão burros e analfabetos que não percebiam o que liam, escapavam algumas coisas.
As listas são um modelo impressionante, não só de livros ou gente sob vigilância que tratavam outras políticas como de romance realistas.
Porque vivíamos "numa casa portuguesa, com certeza ...". E mais não digo de todas - e imensas - as letras e cantiguinhas que me vêm à cabeça, no desfiar dos anos da ditadura e do cinzentismo fascista.






Viu-se, observou-se tudo. Daqui e destas fotos, não se tem ideia do verdadeiro muro que se erguia à nossa frente. Saiu-se para o arvoredo e as ruas que tão bem conheço. O nojo e a indignação eram muito agudos.
Precisava de AR.
Recolhendo azulejos, como sempre



 e as fachadas de capricho

as meias-portas da época, sei lá se não seria ali o colégio e creche de freiras (não se falava em infantários...) para onde ia ser guardada umas horas, nas tardes em que a minha avó trabalhava nas limpezas




Chamavam-lhe o Palácio do Bispo, disso me lembro, e tinha um belo jardim para a Rua de Júlio Dinis que se podia ver ou adivinhar e eu notava. Vinhas e camélias. Prédios e mais prédios de luxo surgiram, não sei se o bispo ou a igreja venderam os terrenos, mas se o fizeram não foi um empreendimento ou favorecimento "à caridade".




Wednesday 12 February 2020

Porto - Tardes com Árvores

Foi um bom tempo, esse que passei com os "amigos dos Dias com Árvores". Ainda lá espreito, no blog, pelos olhos deles rentes ao chão e cujas visões me  dão outras perspectivas do solo e da terra. O conhecimento e o humor. A Natureza no seu estado selvagem e com coisas pequenas, tão bonitas e diversificadas.
Tenho esta forma e maneira de ser. Fidelidades.
(e se há coisas bonitas, há imensas que doem pela ausência e o silêncio)
Nessa tarde antiga, foi um passeio por jardins da cidade, com a Maria Carvalho e o Paulo Araújo e a apresentação de um livro, sobre árvores, é claro!
Normalmente não gosto de passeios de grupo, fizeram-se vários com o Helder Pacheco, no Porto Histórico. E se aprendi muito, mais me aborreci com os comentários, os contos de vidas que nada me interessavam e a falta de atenção das pessoas em geral.


No Jardim da Cordoaria (Jardim de João Chagas), a avenida dos plátanos com 13 esculturas modernas de Juan Muñoz

Todo este jardim, de que me lembro tão bem, teve uma grande intervenção paisagística aquando da Porto 2001. Alterado e contestado foi. À volta desta escultura de António Nobre muito corri em pequenita!
A araucária tão imponente plantada, como outras árvores deste jardim, em meados do ano 1800

"Flora", uma escultura muito delicada, de Teixeira Lopes (filho) que quase passa despercebida
 Debruçados para o rio
uma vista resumida do Horto das Virtudes, onde José Marques Loureiro (1830-1898) tinha o seu horto. Ainda lá existe uma Gingki biloba que se veste de amarelo no Ourono e tem mais de 200 anos!
Notando aqui o-que-já-não-existe, o velho Jacarandá do Largo de Viriato 


chegando aos jardins da Casa Tait onde o Tulipeiro floria

a Ponte da Arrábida ao longe
esta camélia permanecia em Junho! solitária sobre as sombras esbatidas dos ramos



a entrada do Palácio de Cristal, pelas traseiras

 o palco elegante e as suas estátuas


com um último apontamento de cores.
Uma tarde de conhecimento e beleza.