Wednesday 15 September 2021

Estremoz I

Da semana assim começada, os encantos e sossegos deste interior alentejano. 

Todos os dias, para cá e para lá, passavam lestos os carneiros, às vezes só mãe e filho; outras vezes, o rebanho completo - e corria para pegar na máquina, sem nunca conseguir ver de onde e para onde faziam o caminho, com a desenvoltura de quem conhece o carreiro. Ao longe, as cabras coloridas. E eu sem "as apanhar"...

 

Na manhã em que choveu uma chuva trémula,

pelo fim de tarde, o sol entre os sobreiros,
as nuvens que sempre tinham formas estranhas, bichos e fugas para algures,
as coisas "da casa" que tão bem falavam de horizontes longínquos, e imagens que recolhi como preciosidades - que aqui não cabe identificar...

Os livros que me ocuparam a alma, tantas opções e tantas viagens....


A mesa eclética na passagem da cozinha para o quintal, que tão bem retrata os "residentes": jogos, brinquedos, pão...

A beleza do edifício do restaurante que foi café-tertúlia desde os inícios de 1900. Li depois a história dele mas é claro que o que me chamou a atenção foram as seis janelas Arte Nova, todas diferentes e todas lindas!

Estremoz está bem arranjada, parques e jardins. Esta esquina com uma fonte, saída da cidade, lembro-me de a fotografar pelas "carrancas", ainda com um letreiro antigo, muito velha e escura. Procurei os dizeres na foto antiga: 

"MUDADA E REEDIFICADA NO ANNO 1901

E.M. MEMORIA DA RESTAVRAÇAO PARA VTILIDADE PVBLICA AMANDOV FAZER A PRIMEIRA CAMARA MVNICIPAL NO ANNO DE 1834

Em  indo para uma aldeia de nome bem interessante, Alcaraviça, para jantar num restaurante com grandes espaços, decorado em madeiras e com temas da terra

Pelo que observei, seria uma antiga taberna local depois alargada. Com boas referências à ementa, foi uma bela experiência, os sabores e a simpatia alentejanas


O coelho foi decidido por unanimidade, estufado ou assado??? ou ambos, em forno de lenha e pote de barro, com tomate e batatas a saber a campo, uma delícia.  

 O espaço muito agradável e onde se andava à vontade, crianças à solta fizeram a noite durar em alegria.

Voltei... para "as estrelas"!


Wednesday 8 September 2021

Em outro extremo - Estremoz

Deixo em pousio as recordações/anotações de 2009, que depois continuarei ao sabor das imagens que aqui reclamadas me aparecem. Mesmo que muitas já estejam em compactos arquivos "no ar" de memórias fotográficas, algures num fiozinho e placas deste apetrecho que as arruma!!!, quando vou a ver... num olhar de momento, haver/há duas mil e quatrocentas pastas, com muitos olhares dentro. Muitas vezes dou por mim com um nó, na cabeça e na garganta: quando procuro uma etiqueta, por ex. Lisboa, e me aparecem milhares de lisboas diferentes.

Desta vez o convite familiar fez-nos deslocar 600 quilómetros de casa e para: Estremoz. O gozo de brincar como e com "menina", descansar no meio dos montes alentejanos. Uma oferta irrecusável. E é claro que tirei apontamentos do lugar, das terras e coisas para ver à volta, dentro do possível. Digamos que foi uma...Glória!

Impressionante o silêncio, a paisagem, a exposição da casa Nascente/Poente, os tantos livros, a luz, as mil pequenas coisas de outras vidas que não conheço mas aprecio. Falam de "viagens", como eu gosto. Mas começo com o que me comovia sempre: o céu à noite, a Via Láctea, as constelações. Parecia tão próximo e tão povoado de luzes... E como eu penso que existimos no espaço porque a nossa imagem mais antiga está a projectar-se a milhares de anos-luz, encontrei os meus desaparecidos conhecidos. Nesse pensamento me perdi a olhá-lo, aquele céu do Alentejo, todas as noites.

Da viagem, quando os sobreiros se inclinam e descem para a estrada numa saudação, ao longe Évoramonte, os plácidos bichos dos campos



O espaço e a luz



Falámos de flores e de Camões





Esta primeira tarde, vimos do terraço, o primeiro pôr do sol na terra - ali p'ró mar de longe