Thursday 30 March 2023

Em Lisboa por uns dias I

Por essa temporada, morava em Cascais uma sobrinha nossa. Sendo que sempre lhe fizemos companhia e demos assistência, aqui, ali e acolá, aproveitamos para ir à casa onde vivia e passear por um lugar que tanto nos diz. Nos idos anos 70, estive para ir viver para lá, chegámos a escolher/ver casa para a mudança. Trabalhava eu, depois de Londres, numa firma exportadora de calçado para todo o mundo, cujo sócio principal era "un bon vivant" e desejava estabelecer o escritório num sítio do seu agrado. Ora Cascais era, sem dúvida, um lugar de eleição (as voltas que o meu mundo dá!). O outro sócio era italiano e chamava-se Claudio Larobina. Gente afável.

Cascais é de origem remota, ocupada desde o Paleolítico, cerca 2000 a.C. Em voltas pela wiki, encontrei inúmeras informações curiosas, sobre escavações e achados arqueológicos. A sua posição estratégica na barra do rio Tejo, fez do local escala obrigatória das caravelas/navios a partir do séc. XV e, naturalmente, local de fortificações de defesa do território. A História é extensa, a beleza do lugar também. Deram-se voltas pelas ruas perto da marginal e pela beira da baía. Desta vez em passeio, sem me ocupar muito dos edifícios ou monumentos e suas atribuições




Estátua de D. Pedro I, na praça junto ao edifício da Câmara Municipal, rei que em 1364 outorgou carta de Vila a Cascais.
E um fim de dia de luzes suaves




Prendo o olhar nas inúmeras casas - arquitectura de veraneio, lhes chamam - que existem por ali e em todo o lado


E fico a imaginar imaginar imaginar: aquele letreiro acima dizia "vende-se"...




As redes e artefactos das artes da pesca


 Um baluarte da Cidadela de Cascais, andou-se por ali à volta, por aqueles muros velhos

A arte ingénua, de brasileiros?

 Finalmente as portas e janelas de pormenores tão diferentes



Com a declinação da luz se deixa este lugar de reflexos tão especiais.


Sunday 26 March 2023

Em Lisboa por uns dias

Quase regularmente se visita a Gulbenkian quando vamos a Lisboa por algum tempo. É um lugar sempre novo; desde que se descobriu em meados dos anos 70, por mão amiga, de A. S. Já o devo ter escrito mas recordo ter dito "nunca falaram nisto e é tão bom como lá fora", admirada pelo espaço e pelas peças expostas, comparando com o que tinha visto em Londres. Um dia houve em que tirei fotografias a todas as minhas preferências e tenho aliás dois catálogo das obras, comprados de propósito para as identificar depois, com vagar. É um encantamento repetido, o edifício principal, os jardins, o(s) museu(s), a biblioteca, as exposições permanentes e as temporárias. Aí se foi em dois dias seguidos, em horas de diferentes companhias e propósitos.

Neste hoje ao passar esta fotografia, lembro-me de ter visto uma notícia há dias, sobre "a suspensão de uma directora", lá para os states, que mostrou aos alunos a imagem da estátua de David, de Michelangelo, a propósito de uma aula de arte: nuzinho. Os pais, encarregados de educação, não gostaram. São tão falsos estes (democráticos!) revisores da moral...

E outra notícia recente: vão "rever" as obras de Enid Blyton e Agatha Christie, ou até creio que já as retiraram das bibliotecas, por terem termos, ou atitudes, que não estão de acordo "com a ética vigente, ou seja, o que agora se diz "ideologicamente ou politicamente correcto". Eu fico burra! Quando vejo os desenhos animados - com a menina... - que agora passam na tv, acho-os horríveis, a maior parte deles, com mensagens distorcidas, de super-heróis, de amizades baseados em interesses vários. Não tarda desaparece o "lobo-mau" e temos uma app qualquer a perseguir e a deglutir a avózinha! E mais não digo que o pensamento entontece.


 

E, nem de propósito, falando em falsos moralistas, me aparecem estes olhos-interrogações em imagem,

e a máscara!



Menina: está decente ou envergonhada?
Bichos e bichinhos


Transparências



Ah... o espaço belo e saudável dos Jardins da Gulbenkian!

(um homem que com os seus investimentos no petróleo tanto contribuiu para a destruição da atmosfera, além de ter comprado e desviado tanta obra de arte dos seus possuidores... Vamos revê-lo???)


Saturday 25 March 2023

Outono em S. Pedro do Sul I

Como sempre, e agora quando procuro lugares "antigos", aparecem-me os Palaces, os Spas, as quintas rurais, alguns anúncios plasmados (pasmada fico eu) em língua estrangeira... de gosto duvidoso. As termas estão situadas em dois edifícios, para mim importante será a construção do Balneário Rainha D. Amélia, entre 1881-1886. E o Inatel - onde já se tinha estado - que é um palacete muito arte deco, de uma arquitectura sóbria e bem delineada. Construído nos anos 30 do século passado, amplo e com os pormenores da época que muito aprecio. Mas andou-se cá fora...

A casa abaixo, velha e de lousa, a casa acima de aspecto modernista, que visão bela será dali!



 

O Balneário Romano, aqui em ruínas: sei que foi recuperado e se pode visitar (ia lá já, ver a Primavera... que são tão difíceis estes meses de silêncio e barulho, com estes prédios a crescer em volta deste lugar onde se vive!)


Notando as janelas

e o grupo de juncos/bambus que sempre "vejo" pelo gosto de lembrar a sua flexibilidade elegante



Como será viver numa casa de espaços destes?

Reparando nos muros, escadas improváveis, flores e heras trepadeiras



A escultura vaporosa e quente que anuncia as Termas é muito bonita, para mim que gosto tanto de pedras... Esta parece ter vida própria.



E, infelizmente, a volta pelo caminho dos incêndios, a mata sombria e desfalecida, os horizontes de cinzas.