A estrada para Entre os Rios é minha conhecida há muito, muito tempo. Um dos amigos de juventude tinha um carro e lá nos enfiávamos, desenfiados...Sinuosa mas de grande beleza, dela sempre apreciei a paisagem e as casas dos anos 60/70.
O pretexto foi, desta vez, ir comer lampreia e sável, a um pequeno restaurante de estrada. Também conhecido das comemorações de empresa: uma forma de estarmos juntos e saborear as novidades da época. Porque estes bichos têm "uma época" de ser pescados, quando sobem os rios para desovar, pelo fim do Inverno e início da Primavera. Não aprecio particularmente estes manjares, acho interessante serem sazonais e, portanto, comidos por excepção. E a viagem é linda!
Paragem num café de beira-rio, tão aprazível, debruçado no Douro. Desapareceu algum tempo depois.
Ali se ficou um bom bocado, em sossego, vendo a passagem dos patos na barragem de Crestuma-Lever
E a pesca do sável
Continuando,
chega-se a um lugar de má memória: em 4 de Março 2001, deu-se a tragédia da ponte de Entre os Rios (Douro e Tâmega). Um dos pilares desabou, caindo um trecho da estrada literalmente para o rio, arrastando uma camioneta cheia de gente e três carros que ali passavam. O ministro do Equipamento Social demitiu-se - e lá seguiu o seu, curioso, caminho! - mas nunca chegaram a nenhum resultado conclusivo ou apontaram nomes de responsáveis. Pela extracção de areia do leito do rio, se constou. Fez-se um "memorial", com o nome das vítimas e um anjo pensador.
Hoje que escrevo, já passaram 20 anos e a mim parece-me na semana passada.
Sai-se da estrada da beira rio e sobe-se na paisagem, passando pelo Inatel, na altura meio abandonado.
A "tasca" manteve-se, penso pelo que leio, um pouco tosca mas com a seriedade teimosa de quem fez destes lugares uma aposta de vida. Mãos de trabalho e o ilusório descanço que o álcool dá.
Deixo os cozinhados de lembrança
e o aquário de lampreias vivas mais o sável fresquíssimo