A resolução de ir à Praia das Bicas tinha de ser ponderada, pelo tempo, caminho e os artefactos que sempre nos sobrecarregam! Mas era uma necessidade... Bem cedo, a manhã levantava-se em tons límpidos.
Uma ideia tão bonita para o nome de uma casa!
Um dia de nuvens dispersas e a maré a vazar, como eu gosto.
E lá vou eu para as rochas, espreitar!
São pedras porosas, de capricho, como argila se desfazem,
com os sinais visíveis de tempos passados, da sua formação, areias, fósseis de animais rastejantes e conchas. Uma delícia. Lembrei-me de quando se ia pela Praia Grande, em Ferragudo, nos anos 80, e se passava entre arcos em pedra, descobrindo uma pequena praia cheia de andorinhas nos rochedos inclinados e pedras "com vozes". Algumas andam ainda por cá, nas minhas marés de juntar recordações.
Pedi para tirar a fotografia aos peixes de olhos espantados...
Os cabelinhos penteados das rochas da beira mar
Um perfil de gente falando com um perfil de tartaruga...
Deve ser uma beleza observar a paisagem do alto. Não sei se é isso que procuram se é apenas a ventura de testar limites. Ícaro assim o pensou.
Recordo-me bem de viver à beira mar, há tantas décadas, apanhar caranguejos, lapas e mexilhões para fazer "arroz de marisco". Penso que agora, com a poluição que existe no mar e nas praias, não seria aconselhável.
Tudo tem um tempo: "carpe diem".