Sunday 28 February 2021

Porto ao Domingo e Klimt

O ano 2008 foi há muiiito tempo! Quando agora penso ou se fala "em vinte anos" ou até 10, parece uma outra vida. E seria.

Um domingo de Outubro, daqueles que eram mais normais, com as cores e o sossego da estação cálida que se despede, sem pressas de mau tempo. Saída à baixa vazia para ir buscar a minha sogra que, durante anos, tomava o "brunch" aqui em casa: missa nos Congregados e almoço à inglesa, foram hábito nas tais muitas décadas.

Perto da Rua de Sá da Bandeira, um edifício que era uma casa de "vidros, porcelanas, cutelarias", hoje é um banco. Há-de haver um tempo que a gente nem sabe o que isto é ... cutelarias??? Tal como a "Tamegão", mais abaixo, a "Marol", as peças de belos desenhos e o brilho dos metais como preciosos. Aí vi, pela primeira vez, um utensílio para fazer "fondue", sabia lá eu o que era... Isto das casas de comércio e balcão, especializadas no atendimento público, eram os anos 60: cavalgam os tempos e as vontades ou a falta delas.



Em pormenor, o grande edifício do Palácio do Comércio, com a elegante estátua "O Triunfo da Indústria", do escultor portuense Henrique Moreira (que tem tantas obras pela cidade que eu conhecia, desconhecendo o autor). Construído entre 1944/1946, a história dele está em qualquer obra sobre o Porto. O que me afectou os neurónios foi ter lido uma notícia de jornal: em 2018 foi vendido a investidores internacionais, vá-se lá a saber como e porquê a "internacionalização". O caso é que até pude vê-lo agora, por dentro: há apartamentos recuperados, para aluguer temporário a turistas. Os interiores são uma beleza, de mármores e madeiras, as salas, as portas, os quartos de banho, as vistas... Todos os espaços do edifício são incrivelmente belos e equilibrados.


As janelas Arte Nova e os azulejos que ainda - andando de cabeça no ar - se podem observar no tal "Porto" por quem tanta gente se apaixona

O edifício do Bolhão. Nem quero aflorar esta triste história... apenas a curiosidade de ter sido um mercado ao gosto da arquitectura neoclássica, construído na primeira década do ano 1900. Num lugar onde passava um ribeiro que dará mais abaixo origem ao "Rio da Vila", afluente do Douro, e onde surgia "um bolhão" de água. Em muita controvérsia nas várias regências da Câmara, finalmente está a ser recuperado. Dão muitos nomes a esta "recuperação", parece-me coisa mal-amanhada e devastadora do essencial do edifício, que não é só a fachada! Muitas vezes, depois de 2000, andei envolvida nestes esforços de "não destruir" o centro da cidade, nomeadamente a Avenida dos Aliados.

Lindo sempre foi, decrépito estava. Muitas vezes lá fui às variadas compras, entre 68/71, 73 e depois, legumes, fruta, carne, peixe, flores, brôa, regueifa... Oxalá conserve a sua característica original e que em tantas cidades estrangeiras se vê aproveitado: um mercado de rua, onde se pode andar, comer, comprar, sem se transformar num horroroso centro comercial com as lojas todas iguais. Chamam-lhes "lojas âncora"... nada pior que terem um nome tão bonito e confiante.

Não havia confinamento mas os domingos de manhã no Porto eram transparentes e sossegados, poucos carros e sem anúncios de tragédias.

E, na casa, o tecido Klimt que trouxe há mais de 20 anos de Viena. Alegra-me a vista, juntamente com os beijos apenas aflorados, apontamentos representativos da minha obra muito preferida, que passeiam por aqui em todas as divisões.




Este é uma cópia que eu mesma fiz, com ternura e atenção, tardes de ócio e música.

Um dia, hei-de contá-los todos, aos quadros e quadrinhos, às caixas...


Monday 22 February 2021

Lisboa 2008 IV - Convento dos Capuchos

 Outros aspectos do passeretando pelo Convento e jardins











As árvores vizinhas conversando

Havia mais... O lugar onde se encontra este convento, é um dos miradouros por excelência do mar e da costa atlântica, abaixo de Lisboa. Faz parte da Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica, desde 1971 (Mata dos Medos) e 1984 - ou estaria recoberto de  prédios e vivendas!. Quando vejo que há algo natural que se pode conservar intacto, ou quase, por decreto, que venha ele!

Num dia menos encoberto, poderia ser vista a, aqui adivinhada, costa de Lisboa
Homenagem bonita a Pablo Neruda, uma simbologia bem imaginada - livro, olhos, lágrimas, pelo escultor José Aurélio - para o poeta chileno do amor e da luta pelo socialismo na América Latina. Morreu 11 dias após o golpe militar de Pinochet, em 1973.

Como gostei da frase "...De repente, os olhos são palavras..."






Das silhuetas de um final de dia tão envolvente!
 


Lisboa 2008 III - Convento dos Capuchos

O pequeno almoço com música. Na verdade, um bom sítio para ficar (em tempos que já lá vão). 


Apesar do tempo fosco, olhar o rio largo é sempre um prazer



Sem resistir a "tornar a ver" a Exposição de Maria Callas, no Museu da Electricidade, ali ao pé. Quando gosto e posso, insisto, noutros olhares, que sempre me trazem aspectos escondidos dos primeiros. Este simples aspecto do bar do museu, lembra-me a decoração de "Madama Butterfly"

A ideia de visitar o Convento dos Capuchos, em Almada, serviu de pretexto para uma volta que nunca se tinha dado. Este antigo convento da Ordem de S. Francisco, foi edificado em 1558. Tinha visto o da serra de Sintra, muito mais primitivo. Este sofreu com o terramoto de 1755 e foi sucessivamente sendo reconstruído.



Encontrei todavia os mesmos motivos do de Sintra, o despojamento, a decoração com bocados de azulejos e conchas partidas... muito interessante, notar estas semelhanças.





Sunday 21 February 2021

Lisboa 2008 II

Ficam as imagens da volta antes do completo anoitecer,

 


com gatos vadios e pessoas amáveis


Começavam as luzes a acender-se mais abaixo mas havia uma réstia de claridade no Miradouro da Graça

Visão em cascata dos magníficos telhados de Lisboa


Vamos indo, rés-vés Campo de Ourique, para um jantar alentejano, onde as forças se retemperam e as comidas nos confortam.



onde nos lembramos dos campos do amado Alentejo imenso




E regresso para "Ópera"...