Tuesday 28 December 2021

Sobral e arredores XVIII

Dias últimos. A ver uma outra praia perto, de silêncio, com um mau tempo que se revelou logo a seguir.




Debaixo de um céu dramático, voltámos ao alojamento. Em alguns sítios, fiz pequenos vídeos - a HP era pouco versátil para isso - e eu mesma me admiro ao ver agora "o filme" e as mudanças de tons dos lugares.

À noite foi-se ainda a Vila Real Stº António, apontando apenas dois sinais de realeza, nas paredes. Ainda não tinha a mania de tirar sempre fotos às comidas...


O dia de partida. E juntar as tralhas. Pelas horas e fotografias, pergunto-me como se conseguiu andar tanto, até Santarém/Almeirim. Suponho que haveria menos trânsito e a (menor) idade... nos faria menos temerosos das longas viagens. A paisagem ao sair (ou ao entrar) do Alentejo comove-me: e esta, será por alturas de Aljustrel. Lugar que muito aprecio e onde anos mais tarde iremos em deambulações mais detalhadas.



Passámos o rio Sado e o rio Sorraia, as terras planas, alagadas e amarelas das plantações de arroz. Infelizmente não tenho fotografias desses vales coloridos. Vai-se andando para norte, até torcer caminho para Almeirim. Com a ideia de almoçar a Sopa de Pedra, um manjar que, apenas descoberto, se torna num hábito. Sempre que possível. Há lugares que ultrapassam as "menos-valias", as cabeças de touro embalsamadas, os cartazes de tudo o que foi ou é tourada... a comida sendo boa, económica, e de produtos da terra, vê-se a fazê-la na cozinha aberta.

O pão que fazem com risos


Não se precisava de nada, geralmente não se fazem compras pelo caminho, pára-se só para comer, com pressa de chegar. Mas de passagem na rua para o restaurante, a senhora que vendia grão-de-bico e feijão na soleira da porta, na entrada que seria a de sua humilde casa, era de uma ternura a oferecer que não se resistiu a parar, a comprar e a falar com ela. Pequena, de avental, afável, de olhos azuis líquidos, lembrou-me a minha querida Vitorinha.

Todas estas imagens me acompanham, neste presente já tão distante da força, da alegria, do entusiasmo. Destas coisas tão ténues que passam como nuvens de outros céus.

 

Thursday 23 December 2021

Sobral e arredores XVII - Tavira e além dela o Pego do Inferno

Passeando por Tavira, a primeira de muitas vezes, em descoberta sempre "encantada", como a lenda da Moura que por lá andou. E acho que lendas também transportam a memória dos que por cá estiveram. Amores e cavalgadas.

À povoação foi dado foral em 1266. Conserva muitos traços de urbe antiga, ponte, castelo, muralhas e vários lugares de escavações arqueológicas. É uma cidade simpática, de sorriso aberto mas está, cada vez mais, repleta de turistas. Notei algumas mudanças (depois e agora) menos afortunadas: por exemplo, uma confeitaria de doces tradicionais e café na praça principal que se tornou "uma casa de vinhos e provas". Além de um incessante crescer de casas e condomínios, bem como o movimento de autocarros e grupos assarapantados que entopem as ruas. 

Tavira tem (julgo ter lido) 21 igrejas no seu perímetro urbano, 37 se se contarem também as igrejas e capelas que existem à volta. Mas hoje aqui (que é lá longe, há 12 anos) foi somente um passeio pela baixa da cidade.




Da ponte que foi romana, esta é a reconstrução do séc.XVII. A curiosidade é que o rio até aqui se chama rio Séqua, depois torna-se rio Gilão




E ala que se faz tarde para o que se quer (ainda) visitar: o Pego do Inferno, "um despiste" da ribeira de Asseca, afluente do Séqua. Infelizmente, e agora ao procurar mais informações, li que tem pouca água, sendo actualmente apenas uma poça??? A escassez de água no Algarve é assim..., campos de golfe verdinhos é que não faltam!

Eu gosto das coisas que encontro e muito mais dos caminhos para se lá chegar:


E é preciso dizer que há pontes e degraus até lá, mais de um quilómetro de desníveis, para cima e para baixo




Ficam as vistas todas, mais perto, mais longe, sem palavras












Era, era... foi,

um cansaço bom.


Tuesday 21 December 2021

Sobral e arredores XVI - Salinas

Nunca tinha visto a terra do sal assim, tão em pormenor e tão perto. Foi parte do dia circulando no dédalo dos caminhos, dedicado às salinas, ao seu brilho, aos cristais, ao trabalho de os recolher, como se de pedaços de vidro um jardim houvera.










As cores e a reverberação das águas. Uma terra em água fértil.



Seguindo até à antiga fábrica de conservas, agora um hotel, que mais tarde terei oportunidade de visitar. Este perfeitamente enquadrado na paisagem da ria


O Forte do Rato, ou de Stº António de Tavira, mandado construir no reinado de D. Sebastião, para proteger a foz do rio Gilão. As ruínas estão num estado deplorável.

Mas, como as pedras me falam, vou-as ouvindo!