Paris 2015-57 - Museu de Cluny 2 - A Dama e o Unicórnio

Uma das grandes maravilhas que "me chamou" a Cluny: La Dame à Licorne.
Seis tapeçarias em lã e seda, provenientes do Castelo de Boussac, depois de várias vicissitudes e donos. Calcula-se que foram executadas no fim do séc. XV, na Flandres, por encomenda de uma família nobre de Lyon (a família Le Viste, da qual aliás tem os brasões). Felizmente que se conservaram estes exemplares de arte medieval delicada, profusamente ilustrados, como um Jardim de Delícias.
Permitindo várias hipóteses e interpretações, a que me diz mais aos sentimentos é, precisamente aquela que explica as cenas como representação dos cinco sentidos: o tacto, o gosto, o olfacto, o ouvido e a vista.

Citação de Rainer Maria Rilke, (1875-1926), escritor e poeta, no romance "Les Cahiers de Laurids Malte Brigge", 1910: da tranquilidade

Citação de Yannick Haenel, 2005, escritor e ensaísta, nascido em 1967, da solidão-solitude

O Gosto

A Vista

O Ouvido

O Olfacto

O Tacto

Encontra-se representado "mais um sentido numa tapeçaria", a 6ª. E, até nisso, há como que uma mensagem enigmática do passado tão distante.

Citação de Jean Gerson, (1363-1429), doutor da Universidade de Paris, teólogo, filósofo, poeta. Acho uma coisa tão interessante, escrita há seis séculos, sobre um outro sentido "do coração"!

Nesta cena do sexto sentido há uma frase bordada na tenda azul onde se pode ler "Mon seul désir". Fico a pensar se seria (este desejo) um lugar escolhido e recolhido, deixadas as jóias e os outros sentimentos de posse e fortuna, os sentidos terrenos. Intrigantes figuras.