Friday 29 March 2019

As casas e os sítios

Como recuperei de uma "dispensa" de trabalho, depois de 30 e tal anos de tantos sacrifícios, sem direito a "quase" nada?
Não recuperei. Nem hoje.
Durante alguns anos, procurei a Pintura, o Desenho: o que tinha perdido quando tinha 17 anos, em que MA entrou nas Belas-Artes com um empenho da madrinha. E eu não soube, na altura, como aceitar ou aproveitar mecenas desinteressados. Não que tivesse especial jeito mas poderia desenvolvê-lo em Arte ou técnicas dela.
O outro assunto, que se relaciona com este, são "as casas", os lugares. Uma procura constante, durante anos.
Há apontamentos, ora desanimadores ora alegres, de tantas tentativas que fui fazendo.
(uma vez disseram-nos, a dona do apartamento que era professora,  "os senhores são muito especiosos"... quando protestámos com a quantidade de água que vertia para o chão da casa de banho, a ferrugem dentro do frigorífico, as persianas que não abriam...).
Já não sei como, que anúncio... pela net não deveria ter sido, não havia esta epidemia de ofertas como agora. Jornal? Telefone?
A zona aos pés de Sintra, que se imaginou pela beleza e proximidade do mar, o lugar escolhido, uma parte separada da casa principal. Sossego e paisagem.
(relembro, num relance, a intensa humidade e o desconforto de cozinhar, improvisando).
Recolho o que foi bom.

O jardim de onde se via o mar
O básico, enfeitado com as flores selvagens que tanto me agrada colher em férias. Os enfeites que geralmente encontro... levam um reviralho e vão todos parar às gavetas ou escondidos! Irrita-me solenemente que, para tornar uma casa confortável, se ponham cãezinhos de louça, pratos de chinês, paninhos e mil e uma coisa para entreter olhos. O espírito espraia-se com o necessário para viver, a simplicidade, a limpeza, as "vistas".
Apenas um exemplo:
Ou se pinta, hortênsias de fim de dia
ou se transforma, com as ervas dos campos

Esta a visão do anexo-casita, junto a uma mina de água ou poço que a tornava cheia de humidade
A flor de cacto que se abriu, rosa-breve

Andando por Azenhas do Mar




No café


Cantar do alto, como eu me sentia, de melro

E espreitar as maravilhosas praias, um pouco assustadoras pela altura das arribas





Escadas sem fim à vista...


Ermida de S. Mamede de Janas, séc. XVI, provavelmente erguida sobre um templo romano. O edifício é circular, com elegantes colunas e tecto de traves de madeira no adro. Há uma romaria votiva, tradicional, em Agosto, onde levam o gado para ser abençoado, dando três voltas à capela, em sentido contrário aos ponteiros do relógio. Pelo que li depois, é um costume bem antigo, porque traziam os animais em manada de tão longe como de Cascais ou Torres Vedras.
Curiosidades e o lugar é muito belo!






E eis que "as aventuras das casas" e as minhas procuras, se prolongam por lugares que, se não fosse assim, não veria nem conheceria.


2 comments:

Isabel said...

O texto, para mim é enigmático.
Gostei muito das fotos.

Uma das fotos que mais gosto (minha) foi tirada nas Azenhas do Mar. Um local onde passei um dia, há muitos anos, e me encantou.

Beijinhos. Bom domingo:)

M. said...

Houve um ano em que fui ter convosco. 2007?