Monday 24 June 2019

Uma praia do Norte em 2006

Fugas inventadas, meses à beira mar, a segunda casa procurada, numa praia aí acima. Lembro-me do nome deste lugar desde os meus 10 anos: andávamos no liceu Carolina, a minha especial amiga São ia com a família, católica e numerosa, para uma casa por ali. Contava histórias de encantar sobre marés, conchas e nevoeiros.
Sempre achei que os olhos dela tinham algo de água, eram verdes e cintilavam com palhetas de luz, como as poças de mar ao sol.
Um sonho antigo: uma rua com mar ao fundo. Tanto mais que o pinhal era perto.

Como (me)acontece, no lugar onde estou faço a história de estar, com as coisas em que me detenho, com tempo, a observar.
Vai-se vendo, falando e perguntando, há anos que ando/andei nisto, mas as pessoas não variam muito; ou sou eu que tenho pouca sorte. São geralmente enganadoras, visionando e mostrando grandezas e, sobretudo, gananciosas.
Não procurando lugar de passagem de pássaros, quantos "patos bravos" encontrei!
No acaso os vou conhecendo, pelas minhas deambulações na ideia de um "lugar".
Mas este espaço é para "coisas soltas": esquecerei o trabalho que deu, o que tivemos de deslocar para tornar a casa parecida comigo, a despesa, a estranheza com que "os amigos e a família" encararam esta saída. A humidade e o desconforto que nos fez desistir em tempo mais invernoso - que foram meses.
(teria algo no pensamento antigo, de uma casa onde vivi, a 500 metros da praia, das madrugadas com sebes de rosas e aves voando para norte em formação V, a ternura e a desventura da adolescência... sonhos passados de que sei o futuro)
A colecção dos dias, alguns muito bonitos.



"Manhã de nevoeiro, tarde de solheiro": isto era como Salgueiros, nos tempos de dunas. Estas praias são misteriosas...







Ah... e o tempo em que o sargaço era apanhado - e eu tão bem o conheço, uma das minhas missões de praia - para adubar a terra. Os conceitos que agora se chamam de "ecológicos" funcionavam naturalmente.




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