Começar com um lugar que estimo, muito anos 70, muito "um calhamaço" j.pimenta na paisagem. Mas está lá e todo o mal fosse esse! Outras tropelias se vão fazendo pelos anos adiante (e dando menos na vista), estragando aquela costa tão especial. Claro que para mim ficar num quarto de hotel, com mordomias, desocupada de trabalhos vários, jardim, terraço e ampla vista de mar, no 9º ou 10º andar, era um sonho... Ou seja, como se dizia antigamente, "outro galo cantaria"!
Ver com detalhe, descer, subir, à ainda bela Cacela Velha. E, como lamentavelmente pude ir vendo pelas visitas anos mais tarde, a seguir tudo se vai degradando. Ainda bem que tenho estas fotografias que tanto gosto me dão rever. A aldeiazinha - chamo-lhe o que me parece - foi-se construindo à sombra de um forte de defesa e observação, reedificado depois do terramoto de 1755. Antes, diz-se ter sido um castelo mouro e há vestígios de um bairro islâmico. E as escavações há já alguns anos indicam essa ocupação: o último registo de trabalhos de arqueologia é do Verão de 2019. Todavia, vejo tudo agora (2021) tão abandonado, devastado, arrasado, plantado com que "lhes" dá na real gana... Penso eu que os terrenos que restam junto à ria Formosa deveriam preservar-se porque é uma zona húmida única, de vegetação e habitat.
Sei que há uma associação, a ADRIP, que tem dinamizado a conservação deste património tão especial. Oxalá consigam travar "o comércio" de plantações e estufas e gente e carros e feirantes, de que tenho observado a evolução de uma forma anárquica, selvagem e suja.
Cacela Velha tem esta particularidade que me encanta: Poesia pelas ruas, poetas portugueses e nomes árabes. Falta Teresa Rita Lopes e Sophia de Mello Breyner Andresen que diz (mas não ficou nítida a fotografia):
"As praças fortes foram conquistadas
Por seu poder e foram sitiadas
As cidade do mar pela riqueza
Porém Cacela
Foi desejada só pela beleza."
Hei-de ter o privilégio de lá ir anos mais tarde, com a comemoração da Poesia na Rua, nas ruas, no largo e dentro do forte. E vou com certeza descrever uma vez mais esses momentossoltos belos.
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