Thursday 10 March 2022

Lisboa - No início do ano 2010

Houve tempo em que nos fins de anos/inícios de outros eram tomadas resoluções. Normalmente boas resoluções. Veio-me isso à ideia porque se fez uma visita à outra margem, logo no primeiro dia de 2010. A F. é tipo "A amiga genial", conhecemo-nos desde o princípio dos anos 60, andávamos juntas no liceu e vivíamos perto uma da outra. Décadas de companhia, nem sempre pacífica. Outras décadas de distâncias. Genial não em todos os sentido dos livros de Helena Ferrante: genial pelo génio, maneira de ser, atitudes e tantas "aventuras", boas/más, na sua vida. Se eu soubesse "escrever", dissimular os nomes e os lugares, a sua vida poderia ser um romance épico: atravessando as épocas deste país desde os anos 60 até agora.

Começo pela agenda da Biba 1973, de High Street Kensington, um símbolo de gostos comum às "Três Graças", que um dia destes me surgiu em arrumações. Também estivemos juntas em Londres, trabalhámos, fizemos compras, passeámos e despedimo-nos. Quando se foi embora para lugares desconhecidos, por amor e convicção, lembro termos comprado: lençóis e um cobertor roxos, o Álbum Branco dos Beatles, o "Calèche" de Hermès, vestidos indianos compridos, colares e brincos, coisinhas nossas, para lembrar um tempo de tanta juventude (desperdiçada) (?). Que sei eu agora a não ser o que julgo saber?

Em sua casa, das diversas vezes que aqui, ou ali, estivemos, era fazer passo a passo um caminho de recordações, de nomes e lugares, de pessoas já ausentes.





 



As paisagens, o espaço e a distância. As memórias de um Natal "quente" passado com as crianças naquelas bandas-brandas.


A vontade de estar e conviver como o fizemos não é, agora, nenhuma. Ou é remota. As minhas saudades dela são de todos os dias.

 


1 comment:

M. said...

Tudo tem o seu tempo, até o da memória.