Wednesday, 12 April 2023

Em Lisboa por uns dias IV

Dá-me alguma estranheza este revisitar a história e os lugares. As memórias dos passos, dos gestos e do que me chamou a atenção nestas décadas passadas. E à procura de informações, que na altura não tinha ou eram mais superficiais e/ou apressadas, encontro coisas como que em "escavações": e sai um palácio, cheio de referências de séculos, que se visitou. Naturalmente onde nunca mais porei os pés! 

Estas curiosidades, que encontro agora e se ligam a outros momentos, são fascinantes. Esta foi uma visita ao Palácio Quintela, ao agora Palácio Chiado, ao presentemente "Food & Art"... restaurante de ultra-finura, até o nome em inglês lhe dá estatuto. O Palácio Quintela é do séc. XVIII, variada a história da construção que lhe é atribuída. Pertenceu a Joaquim Pedro de Quintela, 1º conde de Farrobo. A graça e a reminiscência que tem o nome: dado que o senhor conde era muito dado a excessos vários, nomeadamente festas e festins, ainda hoje (e bem me lembro em miúda de o ouvir!) se diz um farrobodó quando a coisa descamba. E outra ligação ideia/palavras: o malfadado general Junot ali se aquartelou, em 1807, aquando das invasões francesas. Também por isso se diz à grande e à francesa quando se fala em altos gabaritos e excessos. De que os franceses, como se sabe, eram grandes apreciadores; além de invasores, foram saqueadores e ladrões.

Bem, chegados ali à porta, se viu anúncio de um Festival Internacional de Cultura Urbana. Ora como estas coisas, e outras, dão aso a que se visitem lugares tantas vezes interditos ao público, lá se entrou. E valeu a pena. Pelo lugar e também por muitos pormenores explorados na exposição. Deixarei aqui a lembrança de ambos.




Uma piada num recanto de elevador!

Eu sou "suspeita" para falar de artes em "instalações" porque sou mais para o convencional e aprecio muito descobrir a normalidade/beleza dos quadros ou esculturas. Esta exposição chamava-se "Nómadas Urbanos" e era dito um Festival Internacional de Culturas. E sem dúvida que houve coisas e ideias de que gostei muito, por exemplo os mapas abaixo, com as intersecções de lugares e viagens. 

É que até andei uns tempos a pensar em pegar num mapa do Porto e marcá-lo assim, com os sítios onde passei ou permaneci. Porque sei - de mim, interior - que fios ou ligações são inúmeras. Dariam as linhas do meu infortúnio de estar sempre em lugares de conexões ou cruzamentos a que não pude fugir.


Há os muitos apontamentos de viagens que fui lendo enquanto o meu pensamento voava ao sabor dos nomes: sem dúvida que se viaja com a sugestão...



Irreverente e sugestivo!


Até nos quartos de banho...


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