... tantas, passo e deixo marcas que se perdem algures, em gente que me agrada mas não conheço nem virei a conhecer. Em tempo recuado me chamaram de "ingénua", um rosto com duas caras, um riso de acreditar e um choro onde fica o vazio. Uma credulidade que me persegue desde que me conheço e não consigo "cortar", mais do que ultrapassar.
Dispo-me, tiro os sapatos, ponho-me descalça, a sentir a pedra e a frieza dos silêncios.
***
"Há "muito ano" que andei pelo Barlavento, perto de Portimão e ficava-se
primeiro em Alvor e depois num sítio que era aldeia, em cima do estuário
do Arade. Por todos esses lados se circulou com filho pequeno, se viu,
se fez a renda das praias todas, até Sagres. Monchique era sempre um
gosto, tenho uma fotografia dos anos 80 a falar com um pastor. Silves,
uma beleza a ver, seus tons de vermelho. Mas quando começaram
multiplicados os aldeamentos, hoteles...as casas cheias de "nobreza
pindérica", com nomes estrangeirados e acessos restritos, acabou-se-me a
vontade. Faz-se uma diagonal do norte, logo em Santarém se atravessa o
Tejo para entrar num dos lugares que mais gosto, além de Trás-os-Montes e
Douro interior: Alentejo. O que tenho descoberto é imensidão e muita,
muita, beleza, terna, dourada, azul e branca, de terras, e romanos e
mouramas. Há mais de uma década que se ruma ao mais recôndito do
Sotavento, muito especialmente por poder espraiar o espírito no tal
"!Alentejo da minh'alma...". Escolhe-se um lugar de passagem e à volta
se anda. Vai-me agora faltando a ??? quê? vontade, idade, coragem,
paciência? Ou o pecúlio que me daria outro estar, outro conforto. Mas sim, no presente fica-se menos tempo nas praias e parte
das tardes são para percorrer estes montinhos e terras escondidas de
nomes simplórios e sorridentes. Tantas vezes tiro fotografias às placas!
De tanto lado se vê a costa, o mar, que eu me pasmo sempre. Tavira,
Loulé, Olhão são terras ainda belas, no seu poiso de marés ao pé do olhar,
ao pé da mão em leque da Ria Formosa, a que está a ser tão desvirtuada. A
propósito, vai dar breve uma "Visita Guiada" sobre banhos islâmicos em
Loulé, coisa que espreitei já há tempos, acabados de "descobrir e
alindar". E já vai longa a conversa..."
assinado em outro lugar: Bettips
A propósito, revi o episódio dos "Banhos Islâmicos" com o prazer das coisas encontradas, e fui ver a data: há um ano, quase acabados de estrear. E visto - uma palavra que eu não uso nem gosto mas aqui tem graça - concomitantemente o Museu com peças arqueológicas de muitos lugares do Algarve. Um prazer (e este prazer, este diálogo entre mim e as coisas, raramente o tenho com pessoas).
Não sei se chegará a vida-minha para tantas descrições e lugares que me acalentaram estes anos. Nem sei se me repito, coisas aqui, coisas ali e acolá. Também não o posso contar de viva voz, faltam-me os espíritos e ouvidos interessados. E eu cada vez detesto mais a banalidade das conversas de conveniência.
4 comments:
Tento eu publicar-me a mim visto que me dizem amigos não conseguir comentar, o que não acontecia antes. Estas geringonças que "se mudam a elas próprias" lá não sei onde... dão-me freniquoques e tremeliques.
Olá, querida mulher solta
Agora já consigo entrar. E quero dizer que também vi o Visita Guiada, que muito apreciei, que fiquei com vontade de ir lá ver directamente, e que tenho sempre os meus ouvidos e o espírito interessados para as coisas que aqui se partilham.
A anónima fui eu. M
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