Saturday, 16 April 2016

Para Sul - 1994

Reparei há tempos que as novas "ferramentas" me permitem recordar, apagar, renovar,
as lembranças que não são apenas memórias, nuvens errando nas circunvoluções do cérebro,
mas reais, como se um cinema me passasse nos olhos.
Mudo. Porque não há falas. Passarão mais anos e será surdo. Porque não o ouvirei jamais.
Posso apagar pormenores nas imagens de há 30 ou 20 ou 10 anos, as paisagens já não são as de agora, algumas pessoas já se perderam, as dores e amores passaram do momento que foi, o "Esplendor na Relva" como o conheci. Qualquer romance, qualquer gente.
Vivem comigo mas já não em mim.
Esta foi uma viagem com segredos, com recantos, com risos cúmplices. E muitos, muitos outros horizontes. Fios quebrados e pontas soltas.

Leiria, sei que foi Setembro,
o Alentejo sem auto-estrada, todo oiro e solene na imensidão do campo,
os lugares pequenos, era um 8º andar donde se conseguia ver o mar antes da barreira dos prédios,

Ferragudo, quando se dava a curva na estrada e aos olhos surgia apenas a aldeia dos pescadores e os barcos deles,



a praia grande que há dois ou três anos me pareceu tão pequena!

Sei que era Outubro.

Friday, 1 April 2016

Paris 2015-105 - Manhã em Pigalle e partida

Com um resto de €€€ no passe do autocarro e apesar do mau tempo outra vez, despedida de Paris, quase por onde se começou.



Descobrindo bolos... do Algarve, de amêndoa, talqualmente!
Num café "dos antigos", um escritório de estar,




com a mesma sopa francesa que se comeu no Sacré-Coeur. Que é de (muito) queijo e cebola mas... é sopa!







Saindo, então com mais chuva, para Orly. Se, com certa comoção, me ancoro (encore) a certezas,
que às vezes deixa de chover, que às vezes há saúde e segurança, que que...
o meu maior gosto desde adolescente foi viajar e conhecer,


 

"no ar de Paris"

Françoise Hardy:  L'Amitié, 1965

"Beaucoup de mes amis sont venus des nouages
Avec soleil et pluie comme simples bagages
Ils ont fait la saison des amitiés sincères
La plus belle saison des quatre de la terre...
... S'il me reste un ami qui vraiment me comprenne
j'oublierai à la fois mes larmes et mes peines..."

nos céus da Europa, 
nas bordas da terra e nos caminhos infinitos,

e a paisagem conhecida,
a refinaria, o farol...
desprende-se uma saudade, bem fixa e definida, numa cidade onde a esta hora, os candeeiros se acenderam já.


 Pas à bientôt mais un jour?

Paris 2015-104 - Gare de l'Est e Canal Saint Martin

Bem, vai-se voltando, a custo - ainda tempo para espreitar "um mítico" (que na verdade se revelou um lugar que tornaram sujo e mal frequentado!): o canal Saint Martin.
Não fotografei o chão nem as pessoas, impensável e um pouco assustador. Uma pena que a "liberdade" sirva (também) para isto!
Três meses depois iria lembrar-me mais dos lugares feios que vi e senti.
Assim, este desfiar de mais de 100 apontamentos foi um pouco como que a sublinhar a Beleza agora. Com esperança que permaneça.


Indo...


Olhando, com cuidado, onde punha os pés ou que lugar escolher para um café ou uma cerveja: difícil.


Voltando a casa com "a tal indisposição" do real, havia a lonjura do céu e da Torre, no último fim de tarde,

de novo como um farol!