Saturday, 16 April 2016

Para Sul - 1994

Reparei há tempos que as novas "ferramentas" me permitem recordar, apagar, renovar,
as lembranças que não são apenas memórias, nuvens errando nas circunvoluções do cérebro,
mas reais, como se um cinema me passasse nos olhos.
Mudo. Porque não há falas. Passarão mais anos e será surdo. Porque não o ouvirei jamais.
Posso apagar pormenores nas imagens de há 30 ou 20 ou 10 anos, as paisagens já não são as de agora, algumas pessoas já se perderam, as dores e amores passaram do momento que foi, o "Esplendor na Relva" como o conheci. Qualquer romance, qualquer gente.
Vivem comigo mas já não em mim.
Esta foi uma viagem com segredos, com recantos, com risos cúmplices. E muitos, muitos outros horizontes. Fios quebrados e pontas soltas.

Leiria, sei que foi Setembro,
o Alentejo sem auto-estrada, todo oiro e solene na imensidão do campo,
os lugares pequenos, era um 8º andar donde se conseguia ver o mar antes da barreira dos prédios,

Ferragudo, quando se dava a curva na estrada e aos olhos surgia apenas a aldeia dos pescadores e os barcos deles,



a praia grande que há dois ou três anos me pareceu tão pequena!

Sei que era Outubro.

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