Monday 22 April 2024

Férias Algarve Set. 2011 - XVI - Parque Doñana

Directos ao Parque Doñana, Andaluzia. Lugar que há muito se queria visitar - e ainda bem que se fez! - com a particularidade de ser um parque, zona protegida, muito antigo. Pelo menos, já há notícias dele no séc. XVI, não como "protegido" mas para recreio das elites. Em 1998 houve um desastre ecológico com descarga de resíduos tóxicos no rio e afluentes do Guadalquivir. Além disso, as secas prolongadas durante os últimos anos, bem como o cultivo intensivo de morangos e frutos vermelhos (que iremos observar em Palos de la Frontera) nas terras da orla do parque (desvio e indevido aproveitamento das águas freáticas), retiraram-lhe o lugar de privilégio na "Lista Verde" da União Internacional para a Conservação da Natureza.




E fiquei a saber que "Acebuche" é o nome dado à oliveira selvagem... Por ali entrámos


parando para um intervalo no bar, antes da caminhada

Os lugares para observação dos pássaro, em sossego para eles. Fiquei a conhecer a zona de descanso e de passagem de muitas aves que cruzam estes continentes, Europa, África. É maravilhoso! Há um autocarro que percorre o parque mas não se fez esse trajecto, apenas se andou o mais possível e em completa calma






Inúmeros pântanos, lagoas, canaviais e pinhais ao fundo. Mas a "hora dos animais" não condiz com a nossa! Vimos o que foi possível e aprendemos sobre a fauna, aves e bichos, que por lá se criam e escondem. 

A vinda, saindo do parque, foi o mais possível pela estrada que acompanha a beira mar, os pinheirais verdes-bonitos. Vejo que se passou em Mazagón, pelo nome de um hotel que ficou em fotografia. Procurei agora onde e é uma região de praias bem interessante. Mas como não há tempo para tudo, adiante...



Aqui se parou, eu vinha a pensar "toda esta gente tem barco"!


A volta, em rápido andar, mas observando.

 

Friday 19 April 2024

Férias Algarve Set. 2011 - XV

Ah... por mais que queira ou não queira, Cacela Velha surge em muitas visitas. Nessa altura, 2011, era muito diferente. E eu a encontrar-lhe diferenças, pormenores, símbolos, luzes. Impossível não as descrever aqui, de novo, iguais ou semelhantes. Ano passado, 2023, algumas coisas tinham desaparecido e havia cá fora um enorme parque em terra batida, muitas caravanas, terraços e terraços instalados para a "happy hour", multidões, passeantes e instalados. Estas fotografias alimentam-me a ideia de que as coisas, as pessoas, os lugares, se tornam - que dizer? - insuportáveis para a minha maneira de ser. O remédio é evitá-los para não ficar sempre e mais frustrada.

(Para fugir à feieza, das coisas, da pessoas, das notícias. Às vezes penso que sou um bocado louca, ou como se dizia antigamente "tenho uma panca"... : a luz, o tempo, a coreografia do que observo, tudo me parece diferente. E muitas vezes É. Sempre que se andava na EN 125 eu via um anúncio de passagem English Supermarket, num entroncamento de ruas onde nunca fomos. Sempre pensava lá ir. E, da última vez, a custo o descobrimos, numa rua absolutamente secundária. Não é "abrangente", é até muito limitado, mas o que comprei deixou-me feliz e, naturalmente, fiz o "english breakfast" mal chegamos ao apartamento: perfeitamente ingleses, as salsichas, o bacon, os feijões (sabia lá eu que iria ter saudades de comer aqueles feijões horrorosos...), as diversas pies e "custard"!!! aquele creme amarelo-claro, com sabor a baunilha que "a chefe" usava na sobremesa do hotel, só ao domingo, ao almoço... ah as memórias!!!)

Adiante, pelas fotos, pela poesia:


Pelos recantos da igreja






Pelo pecado da gula


Pelos cantos da fortaleza, olhando e re-olhando a Ria




Já não estão lá as palmeiras, apenas o largo sem nada, nem o quadro azul com indicações que nos situava
... nem esta casa, esta paisagem
nem certamente este gato no muro que não existe...

O que me põe muito séria e desagradada: o nosso velho barqueiro contou-nos as histórias destas mansões, gentes, lugares impressionantes e únicos. Nunca lá vi ninguém.





E encontrei um ninho vazio...

O que me faz sorrir. A tessitura, o cuidado dos pequenos seres alados. É, para mim, encantador.

 



INTERVALO para palavras do livro "Verdes Moradas"

Estas pesquisas e empréstimos da Biblioteca pública trazem muitas vezes algumas boas surpresas. Este livro chama-se "Verdes Moradas", da Editora Sistema Solar, edição de 2015. Uma viagem nas florestas selvagens da Guiana, tem tudo a ver com a Natureza e está descrito de uma forma poética. O livro é antigo, o autor é William Henry Hudson  (1841-1922), um escritor, naturalista e ornitológico. A capa mostra uma pintura de Cézanne. Sendo um dos pintores de que gosto, lá fui descobrir a obra: "Large trees at Jas de Bouffan", 1887, um parque em Aix-en-Provence. Espero não incorrer em faltas de "direitos de autor" ou outros, isto é para mim apenas um belo entretimento, entretecido.  Dos muitos relatos, este para não o esquecer:

"...E no mais aberto recanto desse espaço tão aberto, parecendo aos nossos olhos suspensa de coisa nenhuma, a flecha de luz revela um emaranhado de brilhantes fios de prata, a teia de uma enorme aranha das árvores. Estes fios, que parecem tão distantes e todavia eram clara e distintamente visíveis, recordaram-me que o artista humano só é capaz de reproduzir as distâncias horizontais... Mas a Natureza, pelo contrário, produz os seus efeitos ao acaso e parece acentuar a ilusão maravilhosa, graças somente a um profusão infinita de motivos em que ela se revela e ligando uma árvore a outra árvore com um emaranhado de lianas semelhantes a anacondas. E esta teia de robustos cabos permite o aparecimento de outras muito mais pequenas e frágeis, as teias aéreas de fibras semelhantes a cabelos, que vibram com o sopro do vento provocado pela asa do insecto que passa."

E daí, e daí... Fui atrás da heroína descrita no livro, Rima: e encontro um baixo relevo no Hyde Park, erigido em 1925, um "bird sanctuary", precisamente a homenagear este autor e a sua obra.

Terei fotografias de recantos que aqui caberiam na descrição mas não os vou procurar: hão-de surgir.

 


Tuesday 16 April 2024

Férias Algarve Set. 2011 - XIV

Dos dias... do mar e do céu (e há-de haver muitos...)




Das terras de nomes estranhos (e há-de haver muitas...)

No dia seguinte fomos, com o nosso "descendente curioso", jantar e dar uma volta tardia a Olhão.

O que se vê e o que se aprende, ou reaprende, é muito. Por exemplo, que Al-Hain, Olham, Olhão, era lugar de águas, que foi primitivamente apenas um grupo de cabanas de pescadores, feitas em cana e colmo. Que foram os primeiros revoltosos contra os franciús aquando das invasões dos napoleones (1808). E tudo isso está ilustrado na decoração em zulejos dos bancos na beira ria-mar, o Jardim do Pescador. Foi chamada à terra Olhão da Restauração pois está documentado que um punhado de olhanenses se meteu num caíque, de seu nome "Bom Sucesso", e se dirigiu ao Brasil, ao governo de D. João VI, exilado à época. Coisassoltas nesta história que se vai reescrevendo em conhecimento de factos e lugares.

A construção do edifício do mercado - uma beleza! - é de 1912.



Este era o aspecto  do restaurante onde fomos. Pretensamente "na doca" dos pescadores, foi bom mas caro. Salvou-se a decoração com barcos e apetrechos do antigamente.
 



E lá ficamos de olho em Olhão para uma visita que mais tarde nos anos haveríamos de fazer, com tempo e com muita vontade de conhecer aquele colar de ilhas e canais fluviais em frente: Culatra, Armona, Fuzeta, Farol, Deserta, Hangares... 

A Ria que havia de se chamar Maravilhosa, e é Formosa. Inexplicável encanto, toda ela. O que tenho visto através de uma dúzia de anos: aflige-me a falta de protecção desses locais, embora esteja escrito e declarado, etc etc.