Tuesday, 29 January 2013

Terras... I

Sempre que lobrigamos um nome, uma estrada transitável que nos leva a sítios "pen-sonhados" há tanto tempo (da escola primária, até), fazemos uma estratégia das nossas metas de viagem ou paragem.
Foi desta vez um corte pelo meio do país, escolhido pela passagem em Montemor-o-Novo - no imaginário estava a Gruta do Escoural - até Odivelas, mais abaixo.




Em Odivelas, numa estalagem perdida na estrada.



Adivinha quem vem jantar?




A afabilidade das pessoas, um quarto enorme, um terraço para o pôr do sol e a comida, farta e bem feita, colmataram uma "espécie" de publicidade enganosa do anúncio na internet: o edifício principal, que víamos acima num lugar mais bonito e sobranceiro, uma horta que se aperalta para jardim... ainda por acabar...!

Terras e Serras per aí abaixo





Há terras com nomes tão bonitos como Gato, Safira, Alcáçovas, Barrosinha, Brissos, Monte de Algalé...

Esta tem de especial ser uma recordação "de tropa ", de tanto ouvir falar de.
Casa Branca: a paragem dos "magalas" nos anos 60, vindos dos longínquos quartéis para onde a ditadura de Salazar - a que parecia esperteza saloia - os baralhava: os do Norte para o Sul, os dos Sul para o Norte.
Um pobre soldado demoraria um dia para vir dum quartel no Algarve, para Faro, com destino ao Porto ou outro ponto do Norte, por exemplo.
E o "povo" sabia do negócio dos tropas: nesta estação parava o comboio militar e havia mulheres com cestos e canastras vendendo bifanas.

Os lugares estão desertos, o calor abafa. O velho senhor que come uma laranja na carruagem-máquina fala desses tempos, fala da guerra.

Fomos ao café, comer com as gentes dali, na simplicidade das toalhas de papel.
Os restos dum comércio de colonizadores/colonizados mal se vislumbravam , não fossem os restos de comida - que me lembrou a "cabeça do império" -  a modéstia da vila, os gatos sonolentos, a decadência envergonhada, o silêncio que tudo invadiu.

Tuesday, 22 January 2013

Sobre "Alices" e a Gulbenkian


Ainda na Fundação Calouste Gulbenkian, uma exposição de vários artistas e figurações/interpretações diferentes, sobre o conto fantástico "Alice no País das Maravilhas", de Lewis Carrol. Deixei murmurar a memória infantil...


"A Lebre de Março e o Chapeleiro Maluco: a Lebre mergulhou o relógio no chá para ver as horas, mas afirmou que ele marcava sempre cinco horas e era por isso que o chá estava permanentemente servido..."


"Bebe-me, Come-me" diziam os letreiros dos produtos da magia, de crescer e diminuir.


"Não - protestou a Rainha - a sentença primeiro, a deliberação depois"


"Três jardineiros estavam ocupados a pintar de vermelho as rosas brancas: a Rainha de Copas só quer roseiras vermelhas"
"Porque é que aquele gato está a olhar para nós e a rir-se? - Porque é um gato de Chester. Um gato parecido com um mealheiro, se quiseres.
- Um gato que sorri é uma coisa esquisita mas, um sorriso sem gato, palavra que ainda é mais esquisito!"

"O Coelho Branco: ai, ai, vou chegar outra vez atrasado à reunião!"


Alice, presente nos meus pensamentos: ouço alguém murmurar um sopro "Alice já não mora aqui". Com as suas linhas, os seus folhos, as suas tesouras.
 

A reviver a exposição e a espreitar as recordações, das gentes; e dos livrinhos de histórias que sobram aqui.
O que escrevo são excertos duma edição adaptada, da Verbo Infantil, (anos 80???).


Monday, 21 January 2013

A "Gulbenkian"






Há que anos... a segunda vez que Lisboa, a capital do império, era visitada.
Um (doce)amigo nos levava a conhecer lugares, as crianças iam connosco passear, era um tempo verde. Também vermelho-cravo. Um lugar onde parávamos sempre que "a ponte", o Sul... a casa dos amigos em Lisboa.

E depois "da Gulbenkian" eu perguntava: mas vocês em Lisboa têm este museu aqui e nunca disseram nada??? Isto é "como lá fora!" (na altura, só conhecia Londres e Paris).
Os (re)cantos, os painéis de madeira mel e nobre, a luz vertical, a luz difusa, o espreitar das plantas, o labirinto das árvores e águas: além de TUDO, a colecção, a  cerâmica, os quadros, a arte islâmica, as miniaturas, a arte egípcia, as esculturas, as tapeçarias. Os livros. Soube assim que a Arte era (também) nossa, em Portugal. Que fôramos escolhidos para juntar as raridades e peculiaridades dum homem (do mundo, do dinheiro, de tão longe) ... que...
E que tínhamos uma das melhores colecções do mundo de jóias e vidros Arte Nova, de René Lalique, o escultor que parecia esculpir o ar.


Rodin, também! 


 Desde então, a Gulbenkian é-me um LUGAR de afectos. Sempre longe e sempre perto.


Sunday, 20 January 2013

À solta (quase) na exposição

"Figura de Branco" 1906, de Sorolla Bastida






Sophia Melo Breyner Andersen tem, logo no início da exposição, o tema do MAR, tão querido aos portugueses, aos poetas, aos pescadores...

"Quando eu morrer voltarei para buscar
os instantes que não vivi
junto do mar" 

"As Idades do Mar" (até ao próximo domingo, 27.1.13) está na Fundação Calouste Gulbenkian.

Não é permitido tirar fotografias. Gostaria hoje de rever - as normas - no Louvre, o Museu d'Orsay, a Tate, a National Gallery, o British Museum, a Courtauld Gallery, os museus de Viena, de Madrid: na maior parte deles pude fotografar, evidentemente sem flash, as obras que me "tocavam" e queria "guardar" nas imagens que são a minha memória terna-preciosa-eterna (enquanto eu viver!).

Relembro "as idades": dos Mitos, do Poder, do Trabalho, das Tormentas, a Efémera, a Infinita. Reunião de esforços conjuntos de importantes museus da Europa, lembro-me (e sempre) de Turner, de Monet, de Ingres, de Caspar David Friedrich, Constable, Hopper, Klee, Skapinakis, Henrique Pousão, Vieira da Silva, José Malhoa...
Foi uma FELICIDADE vê-la!