Friday 16 December 2016

Serralves II

Não iria "daqui-ali" para ver um quadro de Miró ou de outros, como Picasso ou Dali. Dele recordava visões quase de brincar, papagaios ao vento, nuvens deslocadas, rabiscos poéticos, fantasias aparentemente infantis, murais e esculturas soltas nas cidades. Errado: esta exposição cronológica dá uma ideia perfeita dos inúmeros trabalhos e arte alternativa, arte que até diria ecológica,  do pintor catalão (1893-1983) que atravessou quase um século de correntes pictóricas, surrealismo e guerras. Libertou as cores, os traços, a imaginação, as texturas. Serpentes, pássaros, números, bichos e gentes, sombras...

Soube que a exposição dos quadros e tapeçarias foi preparada com o projecto espacial de Siza Vieira, por painéis e estruturas que se conjugassem com a estética dos diferentes espaços. Muito bem conseguida esta disposição que "não mata" a visão, nem da casa nem das obras. Isto que eu chamo na minha genérica (a minha mente) estética. Tanto das coisas como das pessoas...






Miró escrevia apontamentos, datas, nas traseiras das telas!
E, depois de ter visto um pequeno filme do artista trabalhando no seu atelier, percebi que a feitura dos seus quadros incluía... destruí-los parcialmente, com fogo, com carvão, com cinzas, andando em pé por cima deles! como que agredindo os factos que  lhe possuíam a imaginação. Fascinante!




















Li os títulos, as datas, a evolução ou o regresso à simplicidade.

1 comment:

M. said...

Pelo que aqui mostras em perspectivas muito belas imagino que deve estar um espaço interessantíssimo e cativante.