Sunday 29 July 2018

Cacela (a Nova) e a Velha

Para voltar ao nome, terei de remexer/re-me-ver na memória, uns 30 e muitos anos atrás. Ficámos numa casa em Ferragudo, era aldeia piscatória e pouco mais, fomos com um casal e filhos. Tomavam, as crianças, banho de mangueira no belo pátio da casa. Lugar donde se viam as traineiras e o trilho do voar alvoroçado das gaivotas. Mas se eu enveredar por "essas ruas", não saio mais, as recordações são imensas.
Quero é recordar que num fim de tarde, a nossa amiga se lembrou do primo que era médico em Cacela (nova ou velha, sei lá!). E numa aventura, fomos todos a... Cacela, onde chegámos já de noite. O que lembro? Apenas muito muito calor/muitos muitos cactos nas beiras da estrada/muitos gafanhotos, lagartixas fugidias, bichos que me pareciam enormes, atarantados com os faróis dos carros, e paredes brancas que se sucediam como fantasmas a correr, na escuridão que seria a EN 125 nessa altura.
Muito mais tarde, havia sempre aquele sinal "Sapal de Castro Marim" que apelava a que se parasse. Tanto de Cacela Velha como Castro Marim e passeios pelo sapal, não me chegaria um livro grosso, de muitas páginas, para todas as descrições, paisagens e fotografias. Um lugar especial no meu coração.
E vi por aqui e ali, na imprensa, uma "desflorestação" do lugar que tão bem conheço, que me encheu de pânico. Não há NADA que substitua o que demorou anos a crescer! NADA.
Recolhi assim, receando os meus pensamentos negros, alguns momentos, os poemas e as flores de férias desde há uns anos.



Descobertas nos caminhos, nas ruas vazias



e nos poetas que falam da "ausência"





É pelos campos e pelos muros desse lugar mágico que me dói. A desolação do olhar que já imagino.
Sempre, nesses tempos fora, tenho flores selvagens na casa e é poder fazer isso, andar a pé pelos campos e veredas, que me diz "férias"...
Esses sentimentos.


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