Thursday 15 November 2018

Caminhos de Santiago IV - Vilar de Perdizes

De um imaginário que conhecia desde os anos 80, um pouco pagão, um pouco alternativo à medicina convencional, a aldeia de Vilar de Perdizes estava no caminho. E em boa hora.
A região do Alto Barroso inclui todos estes lugares de nomes sugestivos, até Montalegre.
O Padre Fontes desde 1983 que ali realiza o Congresso de Medicina Popular, além de outras tradições e festividades, por exemplo, quando é 6ª feira na semana e calha ser dia 13 no mês. Um homem da igreja com um percurso singular. Vale a pena saber dele, porque interessado e culto, recolhendo, escrevendo e dando a conhecer as formas de vida ancestrais, as curas pelas ervas, as mézinhas, as ideias antigas, serão algumas retrógradas???, com que viviam as pessoas há muitos anos. Muito do que se vai perdendo na voracidade do progresso. Nesse Congresso anual, não só se reúnem curiosos destas formas de cultura como aqueles que as praticam ou, simplesmente crentes ou desenganados da medicina normativa.
Lembro-me das "tendências para os produtos biológicos" que abundam agora, dos chás disto e daquilo que se vendem nos ervanários. O aspecto folclórico, divertido e não menos interessante, é dado pela descrição sumária de quem ali vai expôr os seus saberes: curandeiros, bruxos, endireitas, enxota diabos ou espanta espíritos.
Diz o Padre Fontes, que tem uma veia irónica muito vincada, numa extensa entrevista recente: "O terço na mão e o diabo no coração" 
O caminho para a entrada na aldeia




Vi agora que este Paço de Vilar de Perdizes está recuperado, e bem, e é "propriedade privada"





Passando assim à primeira banca de venda que nos apareceu, com a fala e o sorriso bondoso de um habitante da terra

E a vontade de seguir os sinais é sempre a mesma! Raramente se vai (pode ir). Mas encontro depois, ao reviver as viagens, informações curiosas sobre estes lugares arqueológicos. E não se pode ver/saber tudo...

A volta pela aldeia e seus recantos, antes do almoço


Uma janela (a)
notada, acima, foto de MM.


Esta não é uma "instalação para o Dia das Bruxas": era mesmo uma porta azul com as teias amarelas, como nuvens esparsas. Gosto muito desta fotografia! O azul resistente e brilhante das portadas, o granito que as suportam e, contudo, a porta esquecida da última vez que foi aberta...

O campo na simplicidade dos seus trabalhos e lavores

A porta do restaurante onde iríamos almoçar, com a brincadeira que caracteriza muitos dos símbolos desta aldeia

porque até a chaminé nos lembra uma bruxa e os seus exorcismos
Uma graça!


A Igreja de Vilar de Perdizes, dedicada a S. Miguel, o que combate os demónios.
Este "santinho" e o S. Sebastião crivado de setas, são sempre símbolos que atraem o meu olhar, onde quer que esteja, e a minha mente-lente.


No interior, uma vista fugaz: o tecto pintado é bastante bonito e está bem conservado, embora as representações dos santos sejam modernas

Aqui estão os outros-sim-pormenores de MM, na mesma igreja e quiçá à mesma hora:




(a)crescentando com o que acho interessante, por igual e diferente.


1 comment:

M. said...

Entre igrejas e campos, nem vivalma encontrámos.