Monday 10 December 2018

Caminhos de Santiago XXIV - Santiago de Compostela 2

(caminhos...saudades já sinto deles, estes aqui! e (a)outros onde fui, e aqueloutros onde não irei)
Aponto as curiosidades de que, acho, não falei:
- a cidade foi declarada em 1985 Património Cultural da Humanidade pela UNESCO. E vale a viagem.
- o próximo ano Xacobeo (o dia de S. Tiago calha a um domingo) é em 2021

A primeira vista depois de sair do autocarro: trata-se dos célebres bordões de peregrino, bem mais bonitos do que os "bastões" que se utilizam agora (mas dão jeito, oh se dão!). A tradição da concha marinha que, uma vez mais, me comove ao vê-la.
A história dela: numa praia da Galiza encalhou o barco que transportava os restos do apóstolo. E segue a lenda.

Estava uma manhã clara e silenciosa, assim
Um negócio... sobre rodas!
A Catedral, finalmente lá dentro, relativamente calma. A fila era enorme para "as relíquias e túmulo" de Santiago. Recuso.
Na mente está, a ideia: a fé de cada um que ali foi é uma roda sempre a girar, no silêncio, na humildade, no espavento, na tradição, na esperança, na admiração.
No ouro e na pedra.
No que reluz e no que fica na sombra.
Todos, ricos e pobres, escravos ou poderosos, mortais, escreveram aquele "Memorial".

Diz com as flores nos olhos, M., assim:
da estética dos lugares (onde não há vagabundos mas apenas passageiros do mundo)



Da introspecção severa mas elegante dos confessionários (se todos se arrependessem ali, se todos se emendassem lá fora)



anjos de vingança ou santos contemplativos

Como vi eu, sem pormenor
O "Botafumeiro" enorme turíbulo de incenso, cujo peso, história e andanças pelo ar, em vaivém, é impressionante
A coluna principal da entrada com a imagem devota continua vedada e só pode ser vista de longe: com efeito, milhões de mãos (a minha incluída, há muitos anos) ali passaram e desgastaram a pedra.



Pude verificar as metamorfoses de Santiago, por imagens de calma ou de raiva: tanto caça mouros, como peregrino, como evangelizador
Se um Tiago-andarilho-puro caminhou pelo mundo de então, se se santificou pela bondade e persistência, que aceite o penhor das mentes cansadas, da humanidade doente,
das botas gastas
anónimas

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