Monday 20 January 2020

A outra Lisboa II

Bem... vou ter de me dominar! Estava nestes arredores, de Lisboa e aqui, quando vi e li a notícia da renovação do Jardim Tropical. Fiquei "faminta" de ir (re)ver o que vi há anos... mas será melhor lá voltar depois e observar/comparar as transformações.
Adiante, sigo para Campo de Ourique que se iria calcorrear em alguns poucos de anos. Assistindo a ruínas e recuperações.
Uma das paisagens quase circulares "de casa e de varanda" mais bonitas que conheço!

 "de asas"

Sublime a vista do rio
E espreitando as lojas


Adiante desta rua que era sossegada à época, está uma "embaixada", lugar muito bem escolhido e muito neutro, digo

Um edifíco de um antigo cinema, uma beleza decadente que a trepadeira tenta esconder
E logo se vai ao Jardim da Estrela, inaugurado em 1852 e posteriormente chamado de Jardim Guerra Junqueiro. Sem denegrir a Basílica que vulgarizou o nome do jardim, bem pode o nome de Guerra Junqueiro juntar-se-lhe nas artes poéticas, republicanas e satíricas.





Reparando na estupidez bacôca de quem grava nomes e pinta muros, árvores e estátuas - crimes contra todos - é impossível reconhecer tantas árvores imponentes deste espaço. Vejo o dragoeiro

vislumbro a bela estátua "O Despertar", a figueira-da-austrália abraçando o chão,
o esguio coreto,

a "Guardadora de Patos" no meio do lago,
e os ditos, guardados pela vegetação, são característicos de um jardim ao estilo inglês e, sobretudo, de um romantismo sublime
Depois descendo as ruas, revendo "os jacarandás" iluminados contra o céu de Lisboa


Havia UM único jacarandá no Porto que "eu conhecia" de pequenina: no Largo de Viriato. Lugar com banhos públicos, bem perto do Hospital. Um poeta místico, Eugénio de Andrade, despediu-se dele no seu leito de morte; e falam-nos dele também Jorge Sousa Braga, numa dúzia de palavras

"Extravasou o largo o jacarandá
com as suas flores miúdas.
Ocupa agora toda a manhã.",

e Helder Pacheco... gente que andava pela cidade, recantos dela. Existe registo dessa árvore no Arquivo Municipal já em 1899. Morreu (ou secou?, nunca acredito em nada que seja oficial sobre "árvores"...) e cortaram-no em 2003 ou 2005.
E como me lembro dele pujante desde os 5/6 anos porque andei na Escola Primária da Bandeirinha ali perto, teria já nessa altura mais de 90 anos!
Cortar uma árvore é apagar anos de história.




1 comment:

M. said...

Quando se tem insónias em Lisboa vem-se visitar a cidade através do teu olhar e rever o Liceu Pedro Nunes, onde andei com 16 e 17 anos no antigo 6º e 7º anos (numa turma mista que nos intervalos não podia conviver no mesmo espaço!!!!!), ver o Cinema Paris, um lugar aconchegado onde vi vários filmes em tempos que já lá vão e agora relembro por tua causa, passear no Jardim da Estrela e conversar com estátuas vivas e ouvir música no coreto.