Parece-me sempre andar em círculos, nos diâmetros desta cidade onde nasci. Um dia peguei num mapa e pontuei, juntei com linhas, os lugares que frequentei. Uma teia.
Todas estas casas estão agora recuperadas: especialmente esta de baixo, com a varanda coberta virada a sul, reconheço-a e gostei sempre dela: alguém também viu a situação, o seu porte elegante e se encantou, como eu (sonhei com ela há mais de 60 anos...).
Ali, recuperada para blocos de habitação e escritórios mais, evidentemente, centro comercial, era a mansão enorme e deserta cujos jardins de camélias eu espreitava da janela do quarto. Olhando no Google Earth, tenho agora a noção do enorme espaço da quinta com árvores, que ocupava um quarteirão de rua, do Rosário virando para Miguel Bombarda. Nunca lá vi ninguém!
Nesta rua de lajes grandes onde eu passava, vinda da escola, sem nunca tocar numa junção, aos saltinhos!
Estas casas eram, vagamente, residências religiosas, todas elas (quando as portas estavam por acaso abertas, eu espreitava) tinham jardim atrás. Esta tinha uma pequena capela ao fundo do quintal. Uma
vez vi lá um filme (o primeiro?) a preto e branco, projectado numa tela de pano. E era a Stª Maria Goretti, coitada, tentada pelo demónio da carne.
Vejo-me "a ver"...
Na subida da "rampa", o gradeamento e o jardim do "Palacete"
A "Ilha de Baixo" lhe chamavam
As portas que se franqueavam para o aglomerado de casinhas. Onde a Leopoldina namorava à noite, onde parava a leiteira, a padeira e a senhora que vendia doces que eu nunca podia comprar
Da última vez que lá passei, mais recentemente, já não havia a palmeira, nem nada daquela entrada do chamado "O Palacete".
Algures, entre estas paredes arruinadas, neste caminho agora de ervas... viveu a família, nasci eu.
O Jardim do Carregal, a ponte, os sempre verdes
E muito provavelmente, a mesma pedra onde me sentei e me tiraram a fotografia de menina bem comportada. Lembro-me dos sapatinhos de camurça branca e do babeiro aos quadrados azuis.
Todas as casas a seguir - e ia-se ao talho, ao vinho, à mercearia - eram de gente conhecida que se cumprimentava.
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