Todos nós conservamos lugares do nosso imaginário. As flores frescas, a fruta preferida que comemos na infância, os jogos das escondidas, as interrogações familiares, respostas que nunca nos foram dadas. Folhas secas entre dias esquecidos. O que jamais chegaremos a saber; e essa inquietação só se acalma com a distância dos anos. Ou não.
Serão mais felizes os que se escrevem ou descrevem ou pintam ou constroem e, com isso, ganham a admiração dos outros, ganham dinheiro, fazem uma espécie de catarse das suas mágoas e girândolas das suas vitórias ou descobertas? Isto vem-me a propósito desta saída amigável e da irreparável aridez em que tantas vezes se transformam as relações pessoais.
Tenho uma predileção específica por livros de viagens, por saber e descobrir outros lugares, outros hábitos, outras gentes. É certo que isso me ficou marcado desde muito pequena pelos livros de que via as imagens ("As Raças Humanas", "Maravilhas do Mundo", "Chegou à Suécia ...") e depois na adolescência, esse gosto de partir e conhecer: dois dos meus primeiros empregos foram em agências de viagens. Reparo, mais nestas últimas décadas, que devia ter perseguido essa tendência, esse gosto de deambular pelo mundo e pelos horizontes que preenchem os meus sonhos. Mesmo sendo por pequenas aldeias de nomes ignotos, onde as pedras e as madeiras antigas falam dos hábitos e das pessoas que ali viveram.
A volta foi em sentidos opostos. Como as vidas.
2 comments:
Nomes de terras conhecidos de há muito, a fruta caída, as rosas que lembram as fores de tecido nos chapéus da minha mãe.
flores e não fores, no comentário anterior.
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