"O Lugar da Casa" - Eugénio de Andrade (1923-2005) e a poesia como as estrelas que sempre me encantaram. Visitar o sítio onde nasceu e ver a homenagem da terra a um homem que ultrapassa as fronteiras do indizível. O que eu preciso é mesmo de encontrar um motivo mental, e acima de tudo dentro da minha filosofia de vida, dos meus gostos, "para ir"...
Aqui olhei e pensei nas tantas casas que tenho visto, este desenho ingénuo e pobre das aldeias. Lembrei-me da casa do meu avô materno, nos confins do Douro. Era um homem bom.
É tão carinhoso dizer "quando menino" deste Poeta tão grande!
Uma menina... a fazer os seus deveres de escola, na sombra tutelar da estátua dedicada ao Poeta "Interminavelmente"
Que sensibilidade delicada tinha este homem! Acontece-me pensar que há gente cujas palavras são eternas, sempre actuais, de um profundo conhecimento do humano, da solidão, de um tempo parado mas pulsante, mas infinito.Ver para lá do olhar. Não são filósofos, nem estudiosos de ciências: são como músicos da alma. E olho as suas palavras como os acordes de uma melodia triste e sofrida.
"... O ar debaixo dos seus ramos dança / alheio à luz suja de Manhattan."... Nas minhas intrincadas correspondências nos pensares, aqui está como imagino as cidades grandes, a luz manchada, perdida, entre os prédios altos que não a deixam expandir.
Este povo que o desmerece... Esta cidade do Porto, dos "travel awards" financeiros e turísticos. A casa onde viveu tanto tempo, a sua Fundação abandonada, ninguém interessado, as suas belas palmeiras da Foz do Douro, tantas vezes desgrenhadas, o espanto dos ventos que varrem as memórias das horas sublimes de Eugénio. Como diziam dele "distanciado da vida social" pela, dizia ele, "essa debilidade do coração que é a amizade".
Os longos caminhos e a música, nas palavras e no olhar.
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