Thursday, 24 August 2023

10 dias - Sintra/Lisboa I

A Gulbenkian. Como seríamos mais pobres sem esta extraordinária instituição! Sempre que possível, se vai e se vê, e nos vemos também, entre amigos. 

 

Esta era uma exposição de fotografias da cientista e activista francesa Lilia Benzid, sobre África, creio que maioritariamente sobre os países da África Subsariana. Não é o mesmo ver, sentir, ou tirar fotografias: fica-me como apontamento. Da diversidade dos povos desse continente donde provimos, da exploração e pobreza, dos colonizadores, do abandono, das guerras infindáveis e da miséria - ontem, hoje, amanhã... Como exemplo, o que aconteceu na África do Sul durante séculos não serviu para aprender. Nós, os portugueses, temos muito em que pensar! Alguém vai retratando algo para que o mundo, e sobretudo o Ocidente, veja o que era e está, o que resta, no que se vai tornando. Também não concordo com esta actual forma de rever a História, a escravatura, os roubos. Quem terá as mãos limpas? Não é possível apontar dedos de acusação quando nada se faz agora para mudar o hoje.




Parece-me sempre especial este poder de olhar e aprisionar um quadro que transmite sensações controversas, horror, amor, espanto, curiosidade, ternura
Zaafrane, pequena aldeia no deserto, Tunísia
 

Cá fora, a paz, a água e a beleza de sempre




Penso que captei a fotografia pela aparição do arco-íris no fim da tarde. Não certamente pela novíssima moda de "embelezar" os prédios devolutos ou em ruínas. A alguns murais acho "alguma" graça: mas não seriam melhor empregues o dinheiro, o esforço, a imaginação, o protesto que representam, junto das organizações que superintendem estas nódoas das cidades? É tudo tão efémero e centrado no ego! "Eu pinto, tu vês, a vida continua".


Fica-me a sensação, quando a casa dialoga com a rua, que são belos estes lugares de ver cá para fora, os "olhos das casas" como os entendo, antigos ou mais modernos,


permitindo a intimidade do lugar, de quem assoma às janelas no seu sítio de estar. Nada tem a ver com a falsidade dos espelhados, da protecção das varandas com vidros transparentes, que agora se encontram como moda em cada prédio ou cubículo. Não será para que a luz entre nas casas, muito mais me parece uma maneira de dizer que "somos livres e visíveis". O que é uma grande inverdade na sociedade actual, como a vejo ser e actuar.


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