Um resumo dessas férias, apontamentos das primeiras coisas que, através dos anos, fomos (re)descobrindo e muito, muito, apreciando. Ou não.
(digo a mim mesma que vou conseguir resumir...)
De manhã, pequenas traineiras barulhentas. Da praia ouvem-se as vozes dos pescadores, fico-me com a interrogação de como podem eles pescar tão perto do areal. Muitas vezes sai fumo negro do gasóleo. Mas praticamente todos os anos em que lá fomos a seguir as tenho visto.
Pelos caminhos da praia: estas caixas toscas servirão como armadilha para os polvos? A mim lembram-me aquelas construções pobres e precárias nos desertos. Ou os grandes prédios de escritórios onde se compra e vende: a rede e cada um por si.
Os fins de dia... São sempre especiais com estas cores rosadas, os restos de luz que rasteja pelos pequenos tufos de ervas e o silêncio que fica depois da debandada. Contudo, nada disto é real agora: as filas de "palhotas" são dezenas e extensas, vários concessionários se atropelam, os lugares para guarda-sóis ou toalhas são diminutos, as pessoas ficam aos montes!
O silencioso e incrível desfazer das ondas douradas
Uma das poucas platibandas que ainda resta na aldeia antiga
Ao fundo ainda com réstias de sol, a costa espanhola
Pela maré baixa, são agora inúmeros os homens que percorrem a beira-mar a recolher conquilhas. Eu também o fiz, à mão, e pela graça de apanhar as fugitivas que em segundos se enterram na areia.
E, claro!, acima ainda baixinhos, recordo o ano em que foram plantados os pinheiros, no enorme parque de automóveis onde havia chuveiros e lava-pés.
Actual: aqui estão eles, ano passado em meados de Maio, bem como as filas das "palhotas" que não permitem gente avulso, a não ser alugando-as, por bom preço.
São inovações que me põem fora de mim, pelo negócio chorudo que representam e pelo desprezo pelas pessoas comuns ou que apenas querem estar na praia uma ou duas horas. Uma fita métrica, olhem lá: um quilómetro de praia e 5 ou 6 quilómetros de "tendas". Todos os anos têm aumentado, mesmo quando são meia dúzia a estar ocupadas por pessoas... Lá está, "nas férias grandes" terão todas clientela! Entretanto, e fora disso, ocupam a areia desnecessariamente.
"O sim e o não". Mas quem sou eu para julgar apenas pelo que os meus olhos vêem e ter esta posição sempre crítica? Porque sempre tenho ideias a formar-se, a questionar-se pelo porquê?