Monday, 12 November 2018

Caminhos de Santiago I - De Coimbra a Casas Novas

De notar, como fomos para sul para finalmente rumarmos a norte.
São "as coisas dos programas com gente dentro": tivemos de nos deslocar a Coimbra para apanhar a excursão que, afinal, passou à vinda na nossa cidade. Nestas viagens, com o privilégio de ter as paragens, os hotéis e o resto marcados, temos, em contrapartida, as desnecessárias mas obrigatórias deslocações.
Coimbra, então, a baixa pela manhã luminosa, antes da junção com o autocarro.












A caminho de Chaves, será o Tâmega e são as margens e os montes (ainda) vinhateiros.

 
Chegada a Casas Novas, perto de Chaves, onde um fogo lavrava ao longe.   

Almoçamos e ficamos alojados, num Hotel Rural (que hoje se chama de nome completo tal e tal countryside spa & events). A pequena aldeia é rica de pergaminhos e casas nobres. Este é o antigo Solar do Visconde do Rosário, séc. XIX.
Tanto o espaço do hotel como os interiores, conservaram as características de casa nobre e muitas das pedras e alfaias do seu percurso na agricultura e vinha.


Pela noite, ainda passeámos pela aldeia.
Solar dos Vilhenas séc. XVIII, com um arco sobre a rua.




As minhas companhias têm, naturalmente, outras perspectivas que, depois, tive oportunidade de ver. E ainda há o facto de não querer colocar rostos que poderão ser reconhecidos. Lembro-me de ter visto ruas e caminhos rurais, uma capela com um adro muito bonito (capela de S. Bernardino de Sena, protector das colheitas), enfim, pedras e muros.
Fico sempre desiludida comigo mesma... porque devia tirar ainda MAIS e OUTRAS fotografias.
***
Ah...mas veio uma companhia de viagem, lá de "baxo", de sul, a 300km de mim, com outras ideias e imagens, tão belas são, aqui incluídas!
O que é visto por outra faceta de olhar amigo.
Fotos e textos de MM.







"O mesmo lugar ainda e a luz coada do silêncio. Um lenitivo. Como gaze balsâmica pousada sobre as dores de um mundo em carne viva."

"Poderá ser de certo modo dolorosa a quietude dos lugares. Por causa do diálogo incessante entre presença e ausência na memória do tempo histórico."


"Tão especial pode ser a luz de um fim de tarde em repouso sobre os fios delicados do pensamento."

A noite que todos vimos, com pormenores que nem todos vimos.

Mais duas-suas das fotos de MM.

Sunday, 11 November 2018

A caminho (pensado) de Santiago

A braços e a dedos e a olhos
com uma tarefa prazenteira mas trabalhosa. Pelo encanto enorme, pelos muitos recantos, pelo que soube e pelo que vou procurar para os saber melhor.
Um dia destes vi parte de um programa, sobre peregrinos nos caminhos de Santiago. Para mim, peregrinação pode ser ali adiante, lugar da minha memória e pensamento.
Há anos e anos que pensava nesses Caminhos de Santiago, até porque desde os fins dos anos 60 e 70 via indicações sobre eles, nas "pequenas e fortuitas" visitas a Espanha/Vigo/Pontevedra e, mais tarde, Santiago de Compostela. Lugares perto de nós e onde (Galiza) se nota uma semelhança com a nossa língua e costumes notável.
Uma vez, em passeio levando a minha sogra (1993?), e já nos claustros da Catedral, encontrámo-nos perante o autêntico "botafumeiro", ainda libertando incenso. Um turíbulo impressionante, folheado a prata (o que era todo em prata foi roubado pelas tropas napoleónicas...), lindo, do tamanho de uma pessoa, 1,60m, Era ano Jacobeo e a festa que sempre se realiza quando o dia 25 de Julho (dia do apóstolo Santiago) calha a um domingo, notava-se nas ornamentações e afluência de peregrinos.
Achei sempre muito bonito o símbolo da concha-vieira, o sentimento "do mar".
Achei sempre que um caminho a pé, entre a Natureza e com um percurso, um propósito, serviria para libertar o espírito.
Achei sempre que, sem ser devota, respeitaria os lugares por onde tanta gente passou.
Não gosto - e incomodam-me pelo seu espírito religioso, ora doloroso, ora jocoso mas sempre "de espectáculo" - das peregrinações que (aqui) se fazem. Compreendo as razões e as crenças; mas sou mais ligada ao culto da Água, Terra, Fogo e Ar.
Nem de propósito...
"responsione mundi et de astrorum ordinatione", imagem de Isidoro de Sevilha, representação de 1472, retirada da Wikipédia.
E eu, de rodeio em rodeio... de pensamento à volta, à volta, como agora brinco com a minha menina-neta.
Certo é que, há anos, em plena Primavera, encontrei um folheto turístico duma viagem de 7 dias, em Agosto/Setembro. Parte a pé, parte a caminhar. O que depois soube ser o Caminho Português Interior de Santiago.
O meu par e três parceiras.

Tuesday, 6 November 2018

Aniversário "Da Régua ao Tua"

Ando com esta frase na memória, sem propósito ou com muitos: como por exemplo, darem cabo do jardim, um bocadinho de relva e 3 japoneiras, aqui ao pé de casa. O Ácer Negundo já era, foi cortado há uns poucos de anos, só mesmo por fotografias antigas "da minha árvore", por onde media o tempo e as estações do ano.

Fazem dos velhos parvos e dos pobres burros

Os trabalhos do arranjo neste desaguar de ruas (3 ruas e 4 quatro faixas de carros, uma entrada de cidade e autocarros periféricos) começaram com as primeiras chuvas! Perguntados não sabem explicar como e porquê, apenas "que vão arranjar a rua".
Conhecendo a sanha assanhada que tantas cabeças distintas têm pelas árvores,
só posso recear pelos poucos espaços verdes que sobram.
Mas hoje lembrei-me que volta e meia me repito!
Acontece agora com mais frequência, a memória e a dispersão de ideias, de interesses, faz-me recorrer aos apontamentos, às fotografias. Sei que as tenho, que sobre elas escrevi algures...
***
Era dia de anos, Maio de 2008, SÓ dez anos antes do agora. Oferecida a viagem como presente de aniversário, a memória do meu passado, do que ouvi falar dele, deslizou como uma corrente.
Da Régua ao Tua, no comboio histórico, apontamentos das fotografias, antes de as guardar e fazê-las desaparecer deste imenso quadro pesado que, quando abro o computador, pisca como um aviso da idade, anos e anos, décadas, gente que não vejo mais, gente que cresceu, lugares. Factos.









Acontece aqui quase o mesmo transbordar dos livros, discos e álbuns de fotografias: caem-me em cascata, pelo pensamento abaixo!
E voltei, ao Douro, ao Tua, ao Pinhão, à Régua. Gosto de voltar aos sítios onde fui feliz, mesmo que depois me sinta agredida pelas mudanças, nem sempre para melhor.
Ocorrências de um dia de chuva, lama à porta e alterações que me fazem torcer o nariz!

Saturday, 1 September 2018

Termas de Monfortinho 2005 - 9 Das aldeias e caminhos

Andando em vistorias de fotos antigas, sempre me escapam lugares sem nome (que não apontei mas vou corrigindo que a memória "não é o que era"), ou pequenos lugares, caminhos entre eles e visões que (já) não identifico.
Zarza la Mayor, por ex., lembro-me que se passou à noite, terra simpática e com bares abertos na rua, aquele movimento que aprecio em Espanha: tudo a mexer! São os naturais da terra, os mais velhos, casais e crianças, não os turistas, e isso faz-me pasmar.
Moraleja, terra agrícola, uma feira e só tractores de um lado para o outro, prédios apressados, incaracterísticos.
Depois há o Ladoeiro que conhecia anteriormente, por lá ter passado para Belgais. Terra simpática, lembro-me de árvores, tomamos café e contacto com os caçadores: grande cabeça de javali na parede! Na conversa, pagámos uma rodada de cerveja aos trabalhadores. Ofereceram-nos uma cabaça que ainda está cá.
A verdadeira aldeia de Monfortinho (que as Termas são mais longe e à parte), só de passagem. Torre, Toulões, Salvaterra do Extrêmo, Segura, Zebreira, Rosmaninhal, Soalheira, Cegonhas, S. Miguel de Acha, Medelim..., eu sei lá!
Começando pelo que me lembro:

Salvaterra do Extrêmo, Casa dos Lagartos, Pelourinho e vista do rio Erges. O anoitecer tão longe da linha da terra/mar, diferente, entre montes, é magnífico!





Escola Primária, devidamente separada em "masculino/feminino", tão ampla e bonita, em Zebreira.

E as oliveiras brilhantes e seus frutos

 Deixo este tempo de interior com a alma cheia.