De chegada a casa, a dar uma volta pelos lugares antigos, a Baixa e os seus cantos conhecidos
Ir ao Bolhão, a entrada do mercado com a - estimada pelas mulheres - imagem de Nª Srª da Conceição e as promessas: se ali estão, foram certamente dadas como cumpridas. A felicidade simples de acreditar.
Há mais de 50 anos, era por ali que fazia as compras da semana: levava mais ou menos 100 escudos e soube sempre como dividir o dinheiro nos legumes, a carne, a fruta. A frescura das coisas e as palavras trocadas com as vendedeiras não têm preço em nenhum supermercado! A mercearia era por ali também, a Casa Chinesa: sei exactamente quanto gastava nas compras do mês. Não precisava de haver "cabazes" e pedinchices, sempre tinha um lote de géneros a mais, para a senhora que na altura tratava do apartamento. Conservamos a amizade, anos e anos.
Com os euros, a minha cabeça e a minha bolsa, deram um nó cego. Ainda dão.
Foi num PBX como este que aprendi a trabalhar...
Comprei, nessa altura, duas ou três peças de roupa. Sempre tive a mania de ler as etiquetas, os nomes nos fins dos filmes, as capas e contra-capas dos livros e discos. E tirei fotografias quando cheguei a casa, à quantidade de papelinhos e plásticos que explicavam donde, onde e para onde, se fazia o percurso de peças tão singelas. Apercebi-me, terrivelmente real, da roda da manufactura e do comércio que girava, imparável.
Foi nessa ocasião que escolhi a dedo, e dei, os meus sapatos. Sabendo de cada par o chão que tinham pisado e a época em que os calcei!Assim foram embora os passos dados nas cidades e nas festas, nos campos e nas praias. Décadas.
1 comment:
Porto, também ela uma cidade que me encanta.
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