Comemora-se, a partir de hoje, o centenário do nascimento de José de Sousa Saramago.
Nascido na Azinhaga em 16.11.1922, falecido em Lanzarote em 18.6.2010. Um acaso, ou nem tanto, que se tenha passado em 2009 na aldeia onde nasceu, nestas férias repartidas por lugares. Este era um dos que queríamos visitar.
Saramago é o nome de uma planta herbácea daquela região e quando foi registado o nascimento é provável que lhe tivessem acrescentado a alcunha, dos pais e dos avós. Dos avós que ele descreve com tanta ternura e que sempre me comove.
Tudo o que escrever ou o que disser sobre o nosso Prémio Nobel da Literatura, em 1998, será redundante. Apenas que tenho e li praticamente todos os livros dele, soube sempre de entrevistas, intervenções - antigas e modernas -, se visitou a Fundação na Casa dos Bicos (inaugurada em Junho 2007) e exposições sobre a vida e a obra dele. Tenho pena de nunca se ter conseguido ir a Lanzarote e sentir o ambiente, telúrico e íntimo, em que viveram ele e Pilar del Rio.
Há um parágrafo sobre uma carta que lhe escrevi nos anos 90, num dos seus "Cadernos". Percebi muito bem, aflitivamente, o "Ensaio sobre a Cegueira", publicado mais tarde. Os aspectos da modéstia do caminho que nos levou à Azinhaga e à casa com o seu nome, falam por si. As outras fotografias dessa ocasião têm "gente dentro".
Por ali se andou, em comunhão de ideias e conceitos, sobre a Humanidade, sobre os deveres, sobre os direitos.
Felizmente, apesar de todas as contrariedades de muitos, a sua memória e escritos elevam-se, fortes e actuais, como valores que pertencem a todo o mundo.
6 comments:
Quem disse que este blog não tem visitantes? Venho cá muitas vezes...😚
Conheço bem a região embora ainda não tenho ido à Azinhaga desde que Saramago descansa nesse banco.
Sou sua incansável leitora.
Esperemos que o seu centenário tenha a devida relevância.
Abraço
Uma "Maria" que por cá passa, com o seu perfume de Maio, estevas pelos campos fora. Obg
Eu também passo muito por aqui e já deixei alguns comentários. Não podia deixar de o fazer hoje. Revejo-me no que escreveu sobre José Saramago, um homem admirável que estava "dentro dos seus livros" e quem o leu (de verdade) sabe bem o que quero dizer.
Acabei há pouco de ver na rtp3 o Levantado do Chão (doc de 2008) e mais uma vez comovi-me com a sua história de vida.
Deixo-lhe um abraço grato por este post.
🍁Maria
Belo, sentido e comovente o que dizes sobre Saramago.
A Marias, Rosa e Eme, um agradecer da percepção das palavras, apenas palavras, apenas fluídas ou soltas, no cintilar da tarde melancólica que se alongou. Na verdade afeiçoo-me às muitas e imensas palavras do homem/escritor:
"Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu fizeram-no de carne, e sangra todo o dia."
Assim.
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