As passagens pelo Alentejo são sempre muito emocionantes. Por mim, ia e vinha, parando naquelas terras todas, a descobrir mais motivos para gostar de lugares, das distâncias, das coisas e das pedras. Desta vez, revisitando o sítio para onde foi transladado o cromeleque do Xerex, que víramos antes da inundação das águas do Alqueva. A fala daqueles amontoados de pedras cuidadosamente dispostas, as mensagens de tão longe no tempo. Quem e para quê? que deuses foram ali adorados ou homenageados? que danças e que premonições? Nem me apetece falar mas apenas olhar.
A imagem sem som do dolente cante alentejano, ressoa pela distância, sobrevoa as águas, como um adeus à terra que já não se vê, às aves e árvores submersas.
As surpresas ao lado da estrada, as cores
E, por fim, a visão ao vivo do "Vinho de Talha", os velhos potes alinhados como a história de Ali Babá. Já os tinha visto, em Serpa, mas não verdadeiramente numa adega que os cuida, utiliza e donde sai um vinho que, dizem, é extraordinário. O barro e o sumo em metamorfoses, dias e noites a fio, preservando as tradições. Um lugar, mais um lugar, que nos fica na memória.
Em quatro meses, estarão as uvas pintadas...
O rumo do Sul que, mesmo passando e vendo, já me toma de saudades.
O despojamento.
1 comment:
Viagem memorável!
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